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Nova queda do preço de petróleo prejudica empresas com actividade nos países produtores

A nova queda do preço de petróleo é benéfica para os consumidores que poupam na hora de abastecer o depósito, mas indirectamente acaba por prejudicar empresas portuguesas com actividade nos países produtores, essencialmente em Angola.

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“Parece positivo para Portugal, porque já se nota o aumento do rendimento disponível, resultado da queda no preço dos combustíveis”, disse à Lusa o economista Paulo Rosa, mas a queda do preço do petróleo, para mínimos de Abril de 2003, tem impactos negativos para as empresas portuguesas.

Em declarações à Lusa, o responsável de mercados da GoBulling sublinhou o caso de empresas que, com a crise no mercado interno, reforçaram a actividade ou as relações comerciais com mercados externos, nomeadamente com Angola.

“A queda do preço do petróleo tem tido consequências no mercado em certos títulos, sendo a Mota-Engil a mais penalizada”, adiantou Paulo Rosa, um dia depois das acções do grupo que tem em Angola um dos principais mercados terem sido suspensas, na sequência de terem chegado a cair 21,64 por cento para 1,13 euros. A Mota-Engil afirmou desconhecer os motivos que poderão justificar o comportamento da cotação das suas acções, que hoje, pelas 13h30, estavam a subir 5,03 por cento para os 1,233 euros.

Num esclarecimento enviado ao mercado, o grupo referiu que “desconhece qualquer facto que possa minimamente justificar o comportamento da cotação da sua acção” e reitera que na actividade da engenharia e construção a estratégia passa pela “alienação de activos com nível elevado de maturidade (nomeadamente nos segmentos das concessões de transporte e logística) e que tem sido efectuada com reconhecido sucesso.

Também o gestor do BiG, Steven Santos, notou que "várias cotadas nacionais têm exposição directa ou indirecta ao petróleo, como a Mota-Engil, a Teixeira Duarte e, pela natureza das suas actividades, a Galp Energia", considerando que a queda do preço do petróleo traz pressão vendedora, devido "à menor capacidade de investimento público dos países onde estas empresas operam".

"Os países africanos e da América Latina onde estas empresas operam poderão demorar algum tempo a recuperar a capacidade de investimento em infra-estruturas que motivou diversos projectos e encomendas a empresas nacionais", acrescentou.

Em declarações à Lusa, o gestor do BiG explicou que “a nova queda do preço do petróleo resulta da reentrada do Irão nos mercados internacionais”. “O Irão pretende escoar as reservas que acumulou nos últimos três anos, período em que duraram as sanções internacionais devido ao seu programa nuclear. Apesar das sanções impostas, a produção iraniana aumentou nos últimos dois anos e ronda actualmente os 2,9 milhões de barris por dia, que é o nível mais alto desde 2012”, realçou o gestor do BiG.

Apesar das perspectivas de expansão económica nos EUA, na Europa e nos países emergentes, o preço do petróleo está a ser contido pelo excesso de produção existente, resultante dos investimentos e da sobre capacidade criada na expectativa de que a China iria crescer rapidamente durante muito mais tempo.

O petróleo de referência da OPEP cotou-se na segunda-feira a 23,58 dólares, menos 4,6 por cento do que na véspera e o valor mais baixo desde Abril de 2003, informou hoje em Viena a organização.

Com esta sexta depreciação diária consecutiva, a cotação da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) acumula uma perda de 25 por cento desde o início do ano.

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