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FLEC surpreendida com declarações de chefe das FAA sobre “situação estável” em Cabinda

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FLAC) manifestou-se surpreendida com as declarações de um comandante das Forças Armadas Angolanas, que considera “estável” a situação político-militar na região, e pede a entrada de observadores internacionais independentes.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

Em comunicado divulgado este Sábado, a direcção político-militar da FLEC-FLAC interpretou que a estabilidade a que se referiu o comandante da Região Militar de Cabinda das FAA, tenente-general Tukikebi dos Santos "Chinês", "é uma estabilidade na guerra permanente que tem causado inúmeras vítimas nas forças de ocupação, que Luanda não reconhece, menosprezando o sofrimento das famílias dos soldados angolanos mortos em Cabinda".

Na Quinta-feira, o comandante da Região Militar Cabinda (RMC) considerou estável a situação político-militar da província, no norte de Angola, onde o movimento FLEC reivindica, há anos, a independência do território.

"A situação na região é calma, e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas pôde constatar 'in-loco' a vida e o normal funcionamento das forças na Região Militar Cabinda", referiu Tukikebi dos Santos "Chinês",

No Sábado, a FLEC-FAC referiu que o tenente-general devia permitir que observadores internacionais independentes e jornalistas "circulassem livremente em todo o território de Cabinda, sem o controlo e os constrangimentos impostos pelos militares ou a segurança angolana, a fim constatarem a realidade político-militar em Cabinda".

"A situação político-militar estável, falaciosamente proferida pelo tenente-general Tukikebi dos Santos "Chinês", é contrariada e testemunhada pela excessiva e contínua militarização de Cabinda pelas forças de ocupação angolana", acusa a organização.

A direcção política da FLEC-FAC acusou Tukikebi dos Santos "Chinês" e os restantes oficiais angolanos em Cabinda de serem "primeiramente traficantes com a cobertura de militares", e de estarem envolvidos "em vastos programas de tráfico de ouro, cobre, combustíveis e madeiras".

"A estabilidade referida pelo tenente-general "Chinês" angolano é um argumento para atrair mais clientes para os seus negócios ilícitos", refere-se na nota.

As autoridades angolanas lidam há vários anos com a reivindicação da FLEC, organização que reclama a independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protectorado português – tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 – e não parte integrante do território angolano.

O Governo recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de acções de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.

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