Os dados, citados pela Rádio Nacional de Angola, foram divulgados pela coordenadora do Programa Nacional de Desnutrição, Natália da Conceição, durante uma acção de formação e capacitação de supervisores nacionais de nutrição, em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Por sua vez, o médico da Sociedade Angolana de Pediatria, César Freitas, referiu que, em Luanda, capital do país, morreram cerca de 2600 crianças por desnutrição no ano passado.
"Nós aqui em Luanda, durante o ano 2022, registamos mais de 26.000 crianças com desnutrição e dessas, mais de 4000 tinham a forma grave e cerca de 10 por cento faleceram. Com relação à morte dessas crianças em função das unidades que temos, os óbitos variam de 17 por cento a 40 por cento, o que é considerado inaceitável", sublinhou.
De acordo com a oficial de nutrição do Unicef em Angola, Joana Abraão, o seminário visou formar supervisores de nutrição angolanos que avaliarão se o sistema "para tratar correctamente a criança desnutrida, curar, registar os dados e reportar ao nível superior" está a funcionar.
"Nós temos 38 por cento das crianças sofrendo de desnutrição crónica em Angola e, das crianças menores de 5 anos, 5 por cento delas padecem de desnutrição aguda", informou Joana Abraão, reforçando que o objectivo da formação é dar ferramentas, capacitar, para se realizar uma supervisão com qualidade.
Joana Abraão referiu que o próximo Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde está a ser realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e vai fornecer dados mais recentes sobre a situação nutricional.
"O Unicef tem apoiado o Governo de Angola com trabalho comunitário, garantindo que haja capacitações como esta que estamos a fazer aqui hoje, que o Governo tenha os produtos para tratar a desnutrição. Temos feito isso já há muitos anos e vamos agora verificar com o próximo inquérito como está a situação actual", frisou.
Para o tratamento, prosseguiu Joana Abraão, o Governo de Angola adquire os produtos e os parceiros de desenvolvimento reforçam a capacidade de resposta das autoridades angolanas.