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Representa Urbanwear: quando um boné é sinónimo de orgulho nacional

O orgulho em ser angolano. Em ter crescido pelas ruas de Luanda… do Cassenda aos Combatentes, do Rangel à Vila Alice. A vontade em representar as origens. “Mostra de onde vens”, pode ler-se naqueles que já são os bonés mais famosos de Angola.

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António Pedro é o nome por detrás desta marca que promete representar Angola município a município. Designer gráfico de profissão, diz ser um “infiltrado” no mundo da moda, mas a verdade é que a Representa Urbanwear é já umas das ideias mais originais e bem-sucedidas do país. Pela frente está uma colecção que destaca cidades noutras províncias, uma linha de t-shirts e uma grande determinação em dar levar os lugares de Angola aos quatro cantos do mundo.

António Pedro é o nome por detrás dos “bonés mais famosos de Angola”. Fale-nos um bocadinho sobre si. Onde nasceu, onde cresceu, como foi a sua infância?

Sou o quinto filho de uma família de seis irmãos, nasci em Luanda há 32 anos atrás, aos 18 de Maio. Meu pai é oficial General do Exército e minha mãe é bancária, mas ambos já estão reformados. Cresci em Luanda, município de Viana, onde estudei desde a iniciação até ao ensino médio.

Tive uma infância tranquila, com todos os problemas que todos angolanos viveram na altura, mas muito feliz.

Meu pai queria que eu estudasse para ser médico, e na 9.ª classe estudei para tal e depois mudei de opção, não era a minha praia. Quando terminei o ensino médio, os meus pais decidiram mandar-nos, a mim e aos meus irmãos José e Joaquina, para a Cape Town, na África do Sul, onde estudei Design Gráfico na Cape Peninsula Universidade de Tecnologia.

É designer gráfico de profissão, mas tem uma veia empreendedora. Como é que entrou no mundo da moda?

Sou um "infiltrado" neste mundo. No fundo apenas procuro lugares para "pendurar" as minhas obras, já fiz isso com uma revista (Carga) onde ao explorar os designs surgiu a ideia de fazer mesmo a revista e com os chapéus foi a mesma coisa, no fundo o design gráfico está em todo lado.

Representa, foi o nome que deu à marca de acessórios que criou. Porque?

Representa porque foi a palavra que "serviu", no fundo quando usamos uma t-shirt, um chapéu de um team, cidade ou de um partido político estamos a REPRESENTAR, daí a ideia do nome.

Estes bonés são uma espécie de “orgulho nacional”?

A ideia foi exactamente esta. Fazer com que as pessoas possam ter orgulho de representar suas zonas de origem. “Sim, sou angolano, mas Angola é grande, de que parte de Angola?”. Mostra de onde vens…

Hoje o "Kudurista" do Cazenga (município mais populoso de Angola) pode fazer um vídeo e usar um chapéu a representar a sua zona ao invés de um de New York ou Los Angeles.

Como é que começou a vender os artigos?

Primeiro mandamos fazer umas amostras, e até acertar a qualidade e os detalhes todos que procurava foram feitos uns 20 chapéus. Estas amostras foram oferecidas a algumas figuras locais, como Anselmo Ralph, DJ Djeff, Ready Neutro, DJ Ely Chuva, Sharam Diniz, entre outros.

Quando chegou a mercadoria, o produto final (1.ª leva), foi criada uma página de Facebook e uma no Instagram ,onde publicamos os artigos e graças a Deus tiveram muita aderência. A procura era tanta que não conseguimos responder as entregas (fazíamos entregas ao domicilio).

E hoje, onde é que os podemos comprar?

Hoje temos um acordo com as lojas da RBS, que é de momento a distribuidora "oficial" com cinco lojas em Luanda.

Têm encomendas internacionais?

Temos, muitas. A comunidade angolana pelo mundo a fora é cada vez maior e muitos pedem.

Já teve pedidos para bonés personalizados?

Temos todos os dias, mas não vamos fazer para não "banalizar" a marca. Podemos e queremos é fazer acordos com clubes desportivos, por exemplo, mas não com nomes pessoais.

Como é feita a produção? E em que local?

Depois de criados os designs, seguem para a Ásia, onde temos a fábrica que nos fornece o material com a qualidade que procurávamos. Depois, é o processo de fabricação, cortes, etiquetas, bordado, autocolantes entre outros, são enviados para Luanda.

Os bairros e municípios de Luanda são actualmente as estrelas da colecção. Para quando uma linha com destaque a outras províncias e locais de Angola?

A próxima colecção vem com as cidades todas (capitais das 18 províncias) mas a ideia é ir mais a fundo, até aos municípios menos conhecidos, que são 173 no total.

Sabe como é que os seus artigos chegaram “às cabeças” de famosos como Anselmo Ralph, Fredy Costa ou Yuri da Cunha?

O Anselmo assim que viu no Instagram pediu para reservar alguns para ele, o Fredy Costa como estava em Luanda comprou logo no primeiro dia da publicação e fez questão de postar no seu Instagram, quanto ao Yuri da Cunha não tenho certeza se já usou… Mas aproveito aqui o momento para agradecer o apoio de todos, famosos, conhecidos e família.

Expandir a Representa para outras peças que não sejam os acessórios é uma opção?

É sim. Estamos a concluir os designs para a primeira colecção de t-shirts da marca.

Quais serão os próximos passos da marca?

Está tudo ainda dentro do "segredo do negócio", mas temos um grande plano de expansão da marca, quer dentro e fora do país.

 

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