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Analistas consideram que Angola deve “arrumar a casa” para obter vantagens da Cimeira Empresarial EUA-África

Especialistas em relações internacionais consideram que “corrupção e insegurança jurídica” prejudicam Angola nas tentativas de captar investimento externo, e que para tirar vantagens da 17.ª Cimeira Empresarial EUA-África, que começou Domingo, o país deve ter “a casa arrumada”.

: Lusa
Lusa  

"Angola pode retirar alguma vantagem da cimeira caso os empresários angolanos estejam preparados (para ela) e tenham alguma moeda de troca a dar. Agora o nosso ambiente de negócios tem desincentivado que investidores estrangeiros invistam em Angola", disse à Lusa o analista Osvaldo Mboco.

O especialista em relações internacionais considera que o país "só poderá tirar grande proveito [desta cimeira] se tiver a casa arrumada na questão ligada ao asseguramento jurídico para os investimentos".

Porque "se empresários americanos investirem no país podem passar uma imagem a nível do mundo de que Angola é um país bom para se investir", frisou.

Luanda recebe, de 22 a 25 de Junho, a 17.ª edição da Cimeira Empresarial EUA-África, o mais importante fórum de negócios entre os Estados Unidos e o continente africano, com o Corredor do Lobito, com forte investimento norte-americano, entre os temas em destaque.

Para Crispin Senga, também especialista em relações internacionais, "a economia angolana não tem condições para captar investimentos estrangeiros (...) sobretudo devido à corrupção, que ainda reina no país, à insegurança e falta de vias de comunicação".

O analista alerta que enquanto Angola continuar "a priorizar a imagem do país além-fronteiras e deixar à deriva a imagem interna, dificilmente conseguirá alcançar grandes resultados".

A consolidação da imagem de Angola no sistema internacional deve ser feita inicialmente internamente, insistiu, afirmando: "Precisamos de nos organizar internamente para que os investidores estrangeiros encontrem um ambiente [de negócios] afável que lhes permita permanecer".

Osvaldo Mboco, também ouvido pela Lusa a propósito desta cimeira, realçou que os Estados Unidos da América (EUA) apresentam sinais bastante visíveis de que mantêm interesses em controlar áreas de influência comercial em África, sobretudo com a seu programa comercial AGOA (African Growth and Opportunity Act) e o AFRICON.

Entende que os países africanos têm aproveitado mal as oportunidades do AGOA, salientando que em relação a Angola, os EUA manifestam um interesse crescente não apenas no sector petrolífero, mas também nas infra-estruturas, particularmente com o Corredor do Lobito.

Também este analista destacou que a melhoria do ambiente de negócios em Angola deve impulsionar as relações entre Angola e os EUA em sectores não petrolíferos, acreditando mesmo na instalação de unidades fabris, apesar de ser "tarefa difícil tendo em atenção às exigências de produção".

Quanto às oportunidades desta cimeira de Luanda, Crispin Senga considera que estas "não dependem do Presidente da República, enquanto principal dinamizador da política externa de Angola, considera, mas sobretudo dos empresários angolanos em firmar parcerias que visam "alavancar a economia e reduzir o rácio elevado de desempregados".

Acrescentou que os EUA, diferente da China e da Rússia, têm critérios próprios de relacionamento com os Estados africanos, centrados nos valores como a promoção da democracia, livre mercado, direitos humanos, boa governação e combate à corrupção.

Mais de 1500 participantes — incluindo Chefes de Estado de pelo menos sete países, primeiros-ministros e ministros africanos, altos responsáveis do Governo norte-americano e líderes empresariais dos dois continentes — são esperados na Cimeira EUA-Africa, co-organizada pelo Corporate Council on Africa (CCA) e o Governo da República de Angola.

Os intervenientes vão abordar o desenvolvimento do comércio, investimento e parcerias económicas em sectores como energia, infra-estruturas, saúde, tecnologias digitais, agronegócio, indústrias criativas e minerais críticos.

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