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Kizomba, um “sentimento” angolano que explodiu pelo mundo

O reconhecimento da Kizomba como património cultural imaterial “foi um passo importante para o reconhecimento internacional” desta expressão cultural de que Angola “se orgulha e o mundo também já abraçou”, disse o presidente da Associação Original Kizomba.

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Valdemiro “Miro” de Sousa disse à Lusa que o reconhecimento como património cultural imaterial do país, anunciado Sábado passado pelo Governo, contribuirá também para o objectivo de elevar a Kizomba ao estatuto de património mundial da humanidade junto da UNESCO. 

O responsável desta associação que visa promover, divulgar e defender a identidade deste género musical originário do país afirmou que, para os angolanos, além de uma manifestação de música e de dança, a Kizomba representa também “um sentimento” que “explodiu no mundo” e tem sido adoptada como expressão artística em vários países “que a tornaram também sua”.

“Pela nossa parte devemos reconhecer esta receptividade, mas também prepararmos o nosso país para recebermos aqueles que gostam desta prática de dança e de música. Temos de preparar as melhores condições para recebermos os turistas que vêm para Angola porque é aqui que sentem o verdadeiro sentido de dançar a Kizomba”, salientou.

Miro de Sousa realçou ainda o carácter de universalidade, com a Kizomba a sobressair noutros pontos como Cabo Verde, Antilhas ou Portugal, que também “fazem parte deste património”.

Portugal foi, aliás, “uma porta de saída da Kizomba para o mundo”, considerou o também promotor de eventos, acrescentando que também Itália, França, Holanda, Luxemburgo ou até Macau estão a dançar Kizomba.

“O casamento entre Portugal e Angola já dura há 500 anos, era quase inevitável que o gosto pela Kizomba se tivesse instalado”, realçou, aludindo à presença da comunidade angolana e aos laços “muito fortes”, inclusive familiares, entre os dois países.

Miro de Sousa afirmou a importância de todos os agentes e promotores de eventos ligados à Kizomba estarem “alinhados no mesmo propósito”, ultrapassando “alguma fragmentação”, de forma a potenciar também o turismo.

“Angola, se quiser chamar a si este troféu, precisa de facto de fazer com que, internamente, os interlocutores discutam as várias dimensões desta prática cultural e abracem o universo que passou a gostar muito da Kizomba (…) é um esforço colectivo que devemos fazer”, declarou.

O turismo cultural começa a ser procurado em Angola e deve ser “potenciado ao máximo para tirar os dividendos que o turismo traz para a economia”, frisou o mesmo responsável, acrescentando que à volta da Kizomba podem gravitar setores como a hotelaria, o artesanato, a gastronomia e os transportes.

“Angola não é somente petróleo nem diamantes, mas tem também um potencial cultural muito forte”, reforçou, admitindo que a Kizomba pode fazer por Angola o que o Samba fez pelo Brasil.

A Associação Original Kizomba vai promover, no final de Maio, um festival associado a uma conferência internacional sobre a Kizomba que pretende ser um espaço de reflexão crítico sobre as práticas culturais associadas à Kizomba, seja na música ou na dança.

Sobre a Kizomba, Miro de Sousa disse que é uma ocasião de convívio e manifestação de alegria da alma angolana: “É a nossa maneira de estar”, resumiu, lembrando a etimologia da palavra que significa “festa” em quimbundo, uma das línguas nacionais.

O Governo declarou a Kizomba e a Tchianda, géneros de música e dança angolanos, como património cultural e imaterial do país no domínio das práticas sociais, rituais e atos festivos.

Os decretos executivos, assinados pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, foram publicados no sábado no Diário da República.

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