Os dois países lusófonos estão no grupo de 29 países que conseguiram atingir ambas as metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de reduzir para metade a prevalência de desnutrição até 2015 e da Cimeira Mundial da Alimentação de 1996, quando os governos se comprometeram a reduzir para metade o número absoluto de pessoas subnutridas até 2015.
Em Angola, estima-se que 3,2 milhões de pessoas tenham falta de alimentos, menos 52,1 por cento do que os 6,8 milhões de 1990-92, enquanto em São Tomé, onde o número de malnutridos sempre foi inferior a 100 mil pessoas, terá caído 51,4 por cento no mesmo período.Já a proporção de subnutridos na população total é, respectivamente, de 14,2 por cento e 6,6 por cento.
Moçambique está entre os 31 países que apenas cumpriu o ODM de reduzir a proporção de pessoas no total da população com fome para metade, cujo número se estima ser 6,9 milhões, menos 12,3 por cento do que os 7,8 milhões de 1990-92. Cabo Verde, onde o número de pessoas subalimentadas também foi sempre inferior a 100 mil, ficou, tal como outros nove países, perto de atingir esta meta, tendo registado uma queda de 17,5 por cento desde 1990-92. Timor-Leste, que se comprometeu recentemente a reforçar o combate à fome, registou no mesmo período uma redução de apenas 10%, para cerca de 300 mil pessoas subnutridas. Na Guiné Bissau, a evolução tem sido no sentido contrário, tendo a falta de alimentos crescido 53,6 por cento nos últimos 20 anos, afectando cerca de 400 mil pessoas, apesar de a proporção de subnutridos na população total ter decrescido.
A última edição do relatório da ONU "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015", que monitoriza 129 países, estima que caiu para 795 milhões o número de pessoas com fome no mundo, menos 10 milhões de pessoas do que no ano passado e menos 167 milhões do que na década passada. A situação melhorou nas regiões em desenvolvimento, onde a taxa de subnutrição - que mede a proporção de pessoas incapazes de consumir alimentos suficientes para uma vida activa e saudável - diminuiu para 12,9 por cento da população, contra 23,3 por cento há 25 anos atrás.
Ainda assim, na África Subsariana, 23,2 por cento dos habitantes passam fome e 24 países africanos enfrentam actualmente crises alimentares, o dobro do que em 1990, indica o relatório, publicado hoje pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e Programa Mundial de Alimentos (PMA).