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Angola consegue ter malária em fase de controlo e redução de óbitos

O director do programa de saúde da World Vision, organização não-governamental internacional, disse esta Quarta-feira que Angola “está numa fase de controlo” da malária, doença endémica que continua a ser a principal causa de óbitos no país.

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Alfredo Francisco disse à Lusa que o país está numa fase de controlo de casos da malária, tendo o número de mortes reduzido "bastante", acima de 25 por cento, nos últimos cinco anos, com trabalho ainda por se fazer para baixar a alta transmissão e melhorar sobretudo a prevenção.

Em 2023, a organização registou nas províncias de Benguela e do Cuanza Sul, regiões onde tem acções de combate à malária, 46.924 casos suspeitos, tendo sido testados 46.315 casos, dos quais 22.692 tiveram resultados positivos, beneficiando de tratamento 20.903 pessoas.

A World Vision conta com doações financeiras de perto de dez milhões de dólares disponibilizados, nos últimos três anos, pelo Fundo Global e pela Exxon Mobil para o combate à malária, para acções em Benguela e Cuanza Sul.

Segundo Alfredo Francisco, a distribuição contínua de mosquiteiros em massa é uma das grandes estratégias da organização para o controlo desta doença endémica em Angola, que continua a ser a principal causa de morte no país e de internamentos hospitalares.

O responsável frisou que a World Vision, presente em Angola há cerca de 30 anos e com vários projectos em 15 das 18 províncias do país, distribuiu, em 2022, em Benguela e Cuanza Sul, regiões onde tem como foco crianças menores de cinco anos, 2,8 milhões de mosquiteiros, com uma cobertura aproximada de 80 por cento da população.

Alfredo Francisco adiantou que, em Julho deste ano, a organização começará a preparar o lançamento de uma nova campanha de distribuição de mosquiteiros em 2025, que vai abranger igualmente a província do Bié, região também "com uma alta transmissibilidade de malária" e há algum tempo sem esse tipo de apoio.

Em Benguela e Cuanza Sul, a World Vision realiza o controlo de vetores e identificou a necessidade de se realizarem estudos para aferir qual a resistência dos mosquitos aos mosquiteiros, pesquisa que está em fase de conclusão.

"Muitas vezes, mesmo as pessoas usando mosquiteiros, o número de casos tende a aumentar, então há uma necessidade de se saber qual é o inseticida necessário, que melhor responde àquela determinada província, para fazermos a aquisição desses mosquiteiros com este tipo de inseticida", explicou.

Ainda se verifica o não uso dos mosquiteiros pela população, "mas numa dimensão bem menor" que no passado, referiu o responsável, esperando que, com a realização do censo populacional angolano, em Julho deste ano, se analise a taxa de uso deste produto.

"O mosquiteiro salva vidas, é verdade, em algumas localidades ainda temos estas situações de pessoas usarem para pesca, de pessoas dizerem que não usam o mosquiteiro porque é muito quente e diferentes motivos, mas precisamos de ter um estudo para aferirmos qual é a cobertura de pessoas que estão a usar e as que não usam", acrescentou.

Para a mulher grávida, a organização tem acções em três municípios de Luanda, com financiamento da Exxon Mobil, com vista a aumentar a taxa de consumo do Fansidar, o tratamento intermitente preventivo para este grupo vulnerável, a seguir às crianças.

"Há todo um esforço que estamos a fazer no sentido de que estas mulheres grávidas tenham pelo menos o número mínimo de doses de Fansidar que é recomendado pelo protocolo nacional que é de três ou mais doses", sublinhou.

De acordo com Alfredo Francisco, de Junho a Dezembro do ano passado foram assistidas acima de 1200 grávidas, contudo, ainda se registam mortes devido à chegada tardia aos hospitais, não cumprimento dos protocolos feitos pelos hospitais, mitos sobre o parto e a consulta pré-natal.

O director do programa de saúde da World Vision sublinhou que o problema da malária em Angola "deve e precisa ter acções combinadas e bem planificadas", entre os diferentes setores e atores, para uma "resposta mais efectiva à malária", defendendo a prevenção como aposta prioritária.

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