Admitindo "grande preocupação" com a segurança alimentar – a qual considerou um pilar fundamental do plano de desenvolvimento nacional de Angola até 2027 –, Vera Daves avaliou que a grande pressão sobre os preços dos alimentos e sobre os indicadores está directamente relacionada com a capacidade de produção interna nacional.
O país "importa demais e exporta pouco", num "ciclo vicioso" que se reflecte nas condições de vida da população, referiu a ministra em entrevista à Lusa em Washington, à margem das Reuniões de Primavera 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
Nos últimos anos está a ser feito "um grande investimento nos últimos anos a nível da agricultura familiar e começamos a ver os resultados. Queremos continuar a apostar na agricultura familiar, mas também cada vez mais na agricultura empresarial", adiantou.
"Porque precisamos de escala e precisamos de negócios estruturados o suficiente para que consigamos fechar o 'gap' em termos de procura de alimentos internamente, e depois eventualmente exportar para os países da região", disse Vera Daves.
A ministra aludiu a recursos e garantias que estão a ser colocados e fornecidos através de instituições financeiras públicas para dinamizar os negócios do ponto de vista do agronegócio e indicou que o país procura também a experiência de outros.
"Temos reiteradamente convidado, por exemplo, o Brasil e empresários brasileiros para se juntarem a nós, porque acreditamos que são muito fortes nesse domínio, (...) assim como empresários chineses, também (...) muito fortes nesse domínio. Só para citar dois exemplos. A segurança alimentar sem dúvida que é algo ao qual nos estamos a dedicar muito", assegurou.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de 'commodities' agrícolas do mundo. Já Pequim renovou as suas políticas agrícolas, diversificou a agricultura e vem investindo em novos sistemas de irrigação e cultivo protegido, priorizando a ciência, tecnologia e inovação.
Além da agricultura, a ministra das Finanças tem na aposta no turismo uma das principais medidas para fortalecer a economia e melhorar o ambiente de negócios ainda este ano.
"Acreditamos que o turismo tem muito potencial, principalmente pela geração de emprego. Angola tem uma população que cresce 3 por cento ao ano, muito jovem, e uma taxa de desemprego, principalmente entre a juventude, que requer muita atenção e queremos nos próximos tempos dedicar atenção ao turismo", declarou.
A ministra apontou a "decisão difícil" de separar o Ministério do Turismo do da Cultura como exemplo da importância que está a ser dada a esse sector, com o Governo empenhado em remover obstáculos para que o investimento privado aconteça, o turismo seja dinamizado e postos de trabalho sejam criados.
Apesar de admitir que a burocracia ainda é um desafio no país, Vera Daves referiu a "pequena corrupção" como um dos problemas a resolver, defendendo a luta desde o "topo à base".
"Há um compromisso inequívoco do Presidente João Lourenço com o combate à corrupção. O compromisso tem que ser de todos nós, de modo que a luta tem que ser do topo à base para conseguirmos exterminar a pequena corrupção (...) para que quem quiser fazer negócios em Angola, fazê-lo com tranquilidade, sem ter que se preocupar com compensações para ter os sistemas tratados", advogou.
A governante acredita que se todos estiverem empenhamos nessa visão e nessa agenda, "certamente num prazo razoável", Angola será "melhor para todos, mais convidativa" e "todos poderão ser mais prósperos".