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Economia

Avaliação financeira internacional sobre Angola concluída em Março de 2023

O relatório de avaliação mútua do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) sobre Angola vai estar concluído em Março de 2023, estando prevista uma visita do grupo de peritos ao país em Junho do próximo ano.

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As informações foram avançadas pela directora da Unidade de Informação Financeira (UIF), Francisca de Brito, em Luanda, num encontro com jornalistas, durante o qual explicou as várias fases deste processo de avaliação relativo ao sistema de prevenção e combate ao branqueamento de capitais, em que os peritos vão avaliar o grau de cumprimento e implementação das recomendações do GAFI desde 2012, quando foi aprovado o relatório anterior e Angola foi admitida como membro do Esaalmg (Grupo Anti-Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo da África Oriental e Austral), grupo regional do GAFI.

Em 2010, Angola foi incluída na "lista negra" do GAFI e considerada como jurisdição não cooperante, devido às fragilidades do seu sistema financeiro, tendo, entretanto, transitado para uma "lista cinzenta", e em 2016 deixou de ser considerada uma jurisdição de alto risco.

A nova avaliação começou em Outubro deste ano e até 2023, Angola vai ter de provar que cumpriu as 40 recomendações anteriores, com várias alíneas, que constam do questionário com cerca de 500 páginas a que a UIF vai ter de responder até dia 15 deste mês.

Seguem-se outras diligências, até chegar à fase final do relatório que será concluído em Março de 2023 e discutido em plenário no mês seguinte com outros 17 países africanos, um processo longo onde Angola terá de responder a várias questões.

Uma das questões que Francisca de Brito prevê mais difícil de ultrapassar tem a ver com o registo de bens, já que pouco se sabe sobre muitos dos beneficiários efectivos destes bens, contas ou transacções.

A responsável da UIF afirmou que a avaliação incide sobre várias instituições, mas é particularmente relevante para a banca.

"Os bancos querem trabalhar e têm interesse em que tudo corra bem, para convencer aos seus 'shareholders' [accionistas] que podem continuar a fazer negócio. Os bancos querem parecer bem, ninguém quer que o seu sistema seja visto como vulnerável", realçou.

Além disso, o processo tem impacto a nível internacional, já que pode envolver custos mais altos para os bancos que trabalham com Angola.

"Quando o GAFI diz que um país tem falhas estratégicas, os investidores, os bancos, vão ser obrigados a recuar", admite Francisca de Brito.

A directora da UIF, um órgão autónomo que funciona na dependência do Presidente da República, espera, por isso, que, nesta segunda avaliação "Angola consiga mostrar ao mundo como é a sua situação actual" e que as recomendações para melhorias são seguidas, salientou, acrescentando que "o processo não acaba em 2023".

Até 18 de Janeiro do próximo ano, Angola deverá preparar a segunda parte da sua resposta às recomendações, demonstrando os seus resultados.

No final de Maio, tudo deverá estar a postos para receber no país um grupo técnico com sete peritos (de Portugal, Moçambique, Botsuana, Malauí, Lesoto, Namíbia e EUA), que deve visitar Angola ente 27 de Junho e 8 de Julho.

Até 30 de Setembro, Angola deve responder ao relatório preliminar, iniciando-se a partir daí discussões para resolver com o país questões suscitadas durante o processo e identificar assuntos prioritários para abordar no plenário que deve acontecer em Abril de 2023, em Arusha, Tanzânia, e onde Angola vai defender a sua avaliação.

"O importante é convencer os avaliadores antes desta plenária de 17 países", destacou Francisca de Brito.

O relatório de avaliação mútua será publicado entre três a cinco semanas depois desta data, já com respostas aos eventuais comentários que tenham sido levantados no plenário e depois de Angola confirmar que o documento é rigoroso.

O relatório contempla um plano de acção que vai indicar as medidas que Angola tem de adoptar para melhorar o sistema anti-branqueamento de capitais e prazos para o fazer.

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