Segundo João Lourenço, a medida surge da necessidade de se dotar o país de infra-estruturas em terra para o armazenamento de produtos refinados de petróleo para atender às necessidades de consumo nacional e criação de reservas estratégicas.
O despacho presidencial, a que a Lusa teve acesso esta Quinta-feira, refere que o Terminal Oceânico da Barra do Dande, província do Bengo, será constituído por um Parque de Armazenagem de Produtos Refinados – Unidade 100 e Doca de Atracação de Navios - Unidade 700.
No despacho n.º 173/20 de 1 de Dezembro, o Presidente autoriza também a aquisição de serviços de fiscalização das empreitadas de construção do mesmo terminal, no valor global de 30,3 mil milhões de kwanzas.
Garantir a segurança dos produtos refinados, optimizar a eficiência da logística nacional de distribuição desses produtos e potencializar o país como um 'hub' (plataforma) regional de armazenamento de derivados de petróleos constituem outros dos objectivos desta instalação.
Todos os actos decisórios e de aprovação das peças do procedimento de contratação simplificada, verificação da validade e legalidade de todos os actos praticados, no âmbito do referido procedimento, incluindo a assinatura do contrato, serão da competência do presidente do conselho de administração da Sonangol.
O conselho da administração da petrolífera estatal, observa o despacho, "deve assegurar os recursos financeiros necessários para a execução do contrato", bem como reportar ao Ministério das Finanças a conclusão do procedimento.
A Sonangol e os Emirados Árabes Unidos (EAU) anunciaram, em Novembro do ano passado, que iriam retomar a construção da base logística de armazenamento de produtos petrolíferos da Barra do Dande, interrompida em 2016, prevendo-se um investimento de 600 milhões de dólares na primeira fase do projecto.
Prevê-se uma capacidade de armazenamento em terra de 641.500 metros cúbicos, numa primeira fase, e a duplicação da capacidade de armazenamento numa segunda fase, num total de um milhão e 700 mil metros cúbicos de produtos derivados de petróleo.
No entanto, a expansão só avançará, em função das conclusões dos estudos de mercado, esclareceu, na altura, o director do projecto do Terminal Oceânico da Barra do Dande, Mauro Graça.
"Não vamos construir algo que não tenha um mercado consumidor", salientou.
A infra-estrutura deve estar operacional no primeiro semestre de 2022.
A construção da infra-estrutura estava anteriormente estimada em 1500 milhões de dólares e iria ser desenvolvida pela Atlantic Ventures, uma empresa associada a Isabel dos Santos - filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos -, que viu o contrato ser revogado em 2018 e avançou, na altura, com um processo contra o Estado.
A nova 'joint venture', que será criada para construir e gerir o terminal, será detida em partes iguais pela Sonangol e pelo xeque Ahmed Dalmook Al Maktoum.