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Falta de apoio do Estado aos antigos militares criticada pela oposição

O líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) lamentou, em Luanda, a confirmação de que os antigos militares não vão contar com o apoio público, que seria um "reconhecimento do seu esforço".

Paulo Novais:

Abel Chivukuvuku reagia ao discurso sobre o Estado da Nação, lido pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente, no arranque o novo ano parlamentar, em nome do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que sofreu uma "indisposição", conforme anunciado momentos antes da sessão solene.

Para o político, líder do segundo maior partido da oposição, o discurso não trouxe "nada de positivo", apenas a "confirmação de factores negativos".

"O anúncio de que os ex-militares, que ainda não estão na caixa social, já não podem contar com o apoio do Governo, foi a confirmação de que este segmento da população, que se sacrificou durante muitos anos, não poderá contar com o Estado para o reconhecimento do seu esforço", disse Abel Chivukuvuku.

O Governo angolano admitiu falhas no apoio aos 230.000 antigos militares, desmobilizados após os acordos de paz de 2002 e que não foram integrados as Forças Armadas Angolanas, mas lembrou que os Estados que "davam quase tudo de graça" aos cidadãos foram à falência.

"Calcula-se que sejam mais ou menos 110.000 [forças do Governo], de um lado, e 120.000 do outro [UNITA], isto é, cerca de 230.000 homens. Se tivermos em conta que muitos tinham mulheres e filhos, o conjunto de pessoas a assistir ultrapassava certamente os 600.000 indivíduos", destacou, na sua intervenção Manuel Vicente.

Ainda sobre este discurso anual à nação - um imperativo constitucional -, o líder da CASA-CE frisou que a confirmação de que as eleições autárquicas não vão ser realizadas antes das eleições gerais, em 2017, é outro ponto negativo.

"De resto, ouvimos as coisas comuns, cifras que nem sempre correspondem à realidade. Não temos inflação de 8 por cento, os preços quase que duplicaram, portanto, o Governo faltou à verdade", disse Chivukuvuku.

O político considerou ainda que o discurso sobre o estado da Nação não retractou a situação do país, "pelo contrário, não trouxe esperança, confiança, nem tranquilizou e não perspectivou o futuro do país".

Sobre a ausência de José Eduardo dos Santos na Assembleia Nacional, Abel Chivukuvuku lamentou que esteja doente, salientando que "talvez isso também lhe ajude a reflectir que está a chegar a hora de ele ir embora e passar o leme e cuidar da saúde".

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