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Sinprof: “O nível de adesão é de 100 por cento, não há mesmo aulas”

A adesão à greve dos professores, que se iniciou esta Quarta-feira e se prolonga até ao dia 30 deste mês para exigir respostas às questões do caderno reivindicativo entregue há três anos ao Ministério da Educação, é de 100 por cento.

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Segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores (Sinprof), o nível de adesão é de 100 por cento, confirmando a paralisação das aulas em, pelo menos, todas as escolas do centro da cidade de Luanda.

"O nível de adesão é de 100 por cento, não há mesmo aulas", referiu Admar Jinguma, realçando que nos últimos dois dias não houve qualquer contacto com o Ministério da Educação.

"O ministério preferiu mentir, como forma de os desmobilizar [professores], que tomou conhecimento da greve via redes sociais, o que não é verdade", acrescentou.

Num comunicado divulgado na Terça-feira, o ministério disse ter tido conhecimento da greve pelas redes sociais e que já atendeu sete dos 10 pontos do caderno reivindicativo, apelando ao "bom sendo" do Sinprof "no sentido de rever a sua posição".

O Secretário-geral do Sinprof, por seu lado, manifestou abertura para dialogar com a entidade patronal.

"Por isso mesmo, partimos inicialmente para uma greve interpolada, nós estamos abertos ao diálogo, a qualquer altura, a qualquer hora do dia, que o Governo chamar, nós não vamos hesitar, vamos lá para ouvir que garantias eles têm para contornar a situação", frisou.

Admar Jinguma apresenta outra versão sobre a resposta às reivindicações sindicais, salientando que o caderno reivindicativo foi entregue há três anos e desde essa altura não têm avançado as negociações sobre as exigências feitas, nomeadamente em termos de questões remuneratórias e subsídios.

Subsídios de isolamento, redução do Imposto de Rendimento do Trabalho (IRT) e a questão de regulação da monodocência, são algumas das questões que constam do caderno, disse.

O sindicalista destacou que a lei dá apenas 21 dias para se negociar um caderno reivindicativo, mas há três anos que andam em negociação.

Para o sindicato, se a resolução das exigências dependesse apenas do Ministério, alguns dos problemas poderiam já estar resolvidos.

"Pela vontade que tem manifestado a ministra Grilo, talvez tivéssemos outra abordagem em relação à greve, mas como essas questões, sobretudo as questões remuneratórias dependem do concurso de outros departamentos ministeriais, muitas vezes esses são poucos sensíveis a essas questões que nós reivindicamos", disse.

Com a paralisação das aulas, cerca de 11 milhões de alunos do ensino primário e secundário ficam afectados em todo o país.

A ministra da Educação, Luísa Grilo, pediu na Terça-feira "ponderação e voto de confiança" aos professores do ensino geral, garantindo que o executivo está a trabalhar para solucionar as suas reivindicações.

"O executivo está a trabalhar no sentido de responder às preocupações apresentadas, algumas delas já foram solucionadas, outras estão em via de solução, e então apelava aos meus colegas a alguma ponderação, um voto de confiança, porque estamos a trabalhar para dar solução às suas reivindicações", afirmou a ministra.

Luísa Grilo, que falava na província do Zaire, norte do país, onde presidiu ao acto do Dia Nacional do Educador, referiu que o órgão que dirige ainda não recebeu por escrito informações relativas à greve nacional dos professores.

"Ouvimos efectivamente, mas continuamos a conversar com os nossos parceiros do sindicato, ainda na Sexta-feira reunimos com o sindicato para encontrarmos mecanismos de diálogo permanente, por um lado, e por outro encontrarmos as soluções que sirvam as duas partes, mas nós dissemos que estamos abertos a dialogar", assinalou a governante.

O comunicado do ministério diz que há apenas três pontos do caderno em execução, nomeadamente a monodocência, a merenda escolar e as promoções, questões que envolvem outros ministérios.

Quanto à dignificação do professor pela valorização do tempo de serviço, está em curso a última fase, que será concluída em Janeiro de 2023, conforme o cronograma elaborado à luz do memorando, adianta o ministério.

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