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País ainda longe de lapidar localmente 20 por cento dos diamantes que produz

A lapidação de diamantes em Angola continua ainda aquém dos 20 por cento pretendidos, variando entre um e três por cento, com perspectivas de vir a triplicar até 2022, com novos investimentos nessa área, informou fonte do sector.

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O tema foi abordado durante uma conferência de imprensa, promovida pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, que anunciou a realização em Saurimo, capital da província da Lunda Sul, da I Conferência Internacional de Diamantes de Angola, a decorrer entre 25 e 27 deste mês.

De acordo com o secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Correia Victor, a lapidação de diamantes, um tema a ser desenvolvido na conferência, "é muito importante para o país", salientando que a actividade está a ser feita em Angola já com alguma sequência.

"Neste momento temos já algumas fábricas sobre lapidação, tanto em Luanda como no Saurimo, no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero, que se encontram a trabalhar maioritariamente com pessoal jovem angolano", disse.

Jânio Correia Victor frisou a necessidade de se agregar valor a esta matéria-prima, "algo que em tempos recuados não se fazia". "Uma boa parte do nosso material era exportado de forma bruta - em parte ainda é exportado, porque somos um país exportador - mas nós temos como meta, segundo a nossa política de comercialização de diamantes, que até 20 por cento do diamante produzido em Angola seja lapidado cá", referiu.

Por sua vez, o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), José Ganga Júnior, disse que a lapidação de diamantes local ainda é insuficiente, realçando que continua a haver muito espaço de investimento nesta actividade.

"Pelo menos, nós gostaríamos que 20 por cento da nossa produção bruta fosse lapidada aqui internamente, mas estamos efectivamente muito longe disso", salientou.

Segundo José Ganga Júnior, a lapidação é um ramo da actividade que é milenar, como o caso particular da Índia, lembrando que em algumas visitas àquele país foram encontradas mais de 200 mil pessoas dedicadas à lapidação exclusivamente de diamantes de Angola.

"Se não desse dinheiro naturalmente ninguém se colocaria nela. Agora falar já de índice de rentabilidade, tudo depende das características, da qualidade dos diamantes, mas não temos dúvidas, pelo menos nos projectos em que estamos a entrar agora na lapidação, temos estado em termos de estudo de viabilidade a considerar taxas de rentabilidade na ordem dos 20 por cento", informou.

Já o presidente do conselho de administração da Sociedade de Comercialização de Diamantes (Sodiam), Eugénio Bravo da Rosa, reiterou que Angola ainda está "muito longe" de lapidar localmente 20 por cento dos diamantes produzidos.

"O caminho a percorrer é longo para chegarmos a esse nível, mas não temos outra alternativa que não seja fazer o caminho caminhando, e é o que temos estado a fazer. Até 2019, tínhamos apenas uma fábrica de lapidação, depois dessa data surgiram em Luanda mais três e agora em Saurimo também mais três fábricas de lapidação e um sector de formação", afirmou.

Eugénio Bravo da Rosa salientou que com este incremento verificado a nível do sector da lapidação foi triplicada a força de trabalho existente.

"Criamos mais oportunidades de emprego, quer em Luanda quer em Saurimo, e temos estado a formar jovens angolanos para que eles conheçam de A à Z aquilo que são as técnicas de lapidação. Com esse objetivo de formação pretendemos ter condições para que a curto, médio prazo os níveis de lapidação em Angola aumentem consideravelmente", considerou.

"Nós falamos em percentagens que variam entre um, dois, três por cento, no máximo, se triplicarmos a força de trabalho creio que nos próximos anos estaremos em condições de termos percentagens mais significativas, embora ainda muito abaixo dos 20 por cento, que é quantidade de diamantes que está destinada para lapidação no país", acrescentou.

O presidente do conselho de administração da Sodiam salientou que, em 2020, por força da pandemia de covid-19, apenas uma fábrica funcionou a 100 por cento, condição melhorada este ano.
"No entanto, creio que só a partir de 2022 é que nós vamos começar a ter de facto o impacto deste investimento todo que tem sido feito em Luanda e em Saurimo, principalmente, no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero, em termos de lapidação, criação de valor, criação de emprego", indicou.

Neste momento, estão em construção mais três fábricas de lapidação, prosseguiu o responsável, informando que há ainda espaço no pólo para a integração de mais investimentos, mais fábricas de lapidação, realçando que o ramo da joalharia é um dos segmentos pelos quais é preciso que se evolua.

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