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Sonangol: mais depressa ficamos sem financiamento do que sem petróleo

O director executivo da unidade de exploração e produção da petrolífera Sonangol disse que "é mais provável ficar sem dinheiro do que sem petróleo", referindo-se à redução de financiamento no sector por motivos ambientais.

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"Muita gente diz que vamos ficar sem petróleo, mas eu acho que é mais provável ficarmos sem dinheiro muito antes de ficarmos sem petróleo", disse Ricardo Van-Deste durante uma sessão sobre a petrolífera na Africa Oil Week, que decorreu na Cidade do Cabo.

O dirigente da Sonangol lembrou que a luta para angariar investimento externo na indústria petrolífera aumentou de nível devido ao aumento das preocupações ambientais, com muitas instituições a abandonarem investimentos no petróleo, mas também por causa das restrições financeiras das próprias companhias.

"Pode chegar o dia em que os bancos simplesmente não nos vão dar mais dinheiro", admitiu, explicando que o problema não é exclusivo da Sonangol, nem de Angola, mas sim de todo o continente africano e das companhias nacionais petrolíferas do continente.

Para responder a este desafio, Ricardo Van-Deste disse que a Sonangol está à procura de financiadores alternativos para encontrar capital para expandir as suas operações, tendo começado por alienar empresas marginais, como uma agência de viagens, hotéis e serviços de alimentação.

"Identificámos oito blocos que serão incluídos na nossa estratégia de 'desinvestir para investir', segundo a qual temos a exploração de blocos e a produção de activos, o que dá a oportunidade às companhias interessadas, com várias valências, de entrarem no mercado sem terem de passar por uma licitação nacional", explicou.

Estes oito blocos têm uma rentabilidade baixo ou custos mais elevados de exploração e a sua venda vai dar à Sonangol um encaixe financeiro que será usado para financiar novos investimentos em activos mais lucrativos, acrescentou o gestor sobre este equilíbrio da carteira, que será crucial para dar espaço à companhia para honrar os seus compromissos financeiros.

De acordo com a nota enviada à Lusa pela organização da Africa Oil Week, a obtenção de financiamento virá não apenas da dispersão de parte do capital em bolsa, mas também pela implementação da nova estratégia da empresa, agora que já não tem o papel de regulador do mercado.
"Isto foi um ponto de viragem porque finalmente pudemos focar-nos em ser um operador", disse o director executivo da companhia, Osvaldo Inácio, citado no comunicado.

"Temos um plano a cinco anos muito ambicioso, estruturado em cinco categorias diferentes, e que está focado na construção de capacidade, inovação à volta da tecnologia e das parcerias, na segurança das estruturas operacionais e no aumento não só da produção, mas também da rentabilidade e, por último mas não menos importante, no financiamento", apontou o responsável.

Apontando como objectivo ser o maior produtor de petróleo africano, o líder da Sonangol disse que "olhando para todos os projectos em Angola, a Sonangol será o maior investidor no petróleo e gás de 2021 até 2025".

Sobre a transição energética, que tem feito muitas companhias petrolíferas reduzirem o investimento no petróleo e apostarem em energias renováveis, ou de transição, como o gás, Osvaldo Inácio disse que o gás é importante, mas o petróleo não pode ser rejeitado de um dia para o outro.

"Falamos muito sobre o gás e como podemos usar o gás, mas temos de levar em consideração uma coisa: para usar gás, precisamos de encontrar e fazer exploração de gás; tradicionalmente, Angola tem sido um país petrolífero, e agora há novos regulamentos que permitem às companhias explorar gás, e temos de explorar para encontrar mais gás e favorecer um ambiente energético mais limpo", apontou o gestor, concluindo que a parte do transporte e distribuição também é importante.

Para além de fomentar a exploração de gás, o país está a avançar para o estabelecimento de uma infraestrutura de transporte de gás para melhorar a distribuição e a exploração no país, apesar de esta matéria-prima ser ainda pouco usada, lê-se ainda no comunicado enviado à Lusa.

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