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Cerca de 40 por cento das crianças do Cunene abandonaram a escola devido à seca

Cerca de 40 por cento de crianças desistiram da escola, na província do Cunene, devido à seca e a fome que assolam a região, que leva a “dispersão populacional que busca pela subsistência”, anunciou fonte oficial.

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Segundo o coordenador da Zona de Influência Pedagógica (ZIP) da província do Cunene, sul de Angola, Pelágio Ndafenongo Silikuvamwe, o calor, a seca e a fome colocam "grandes desafios na organização das escolas", sobretudo devido à dispersão destas.

É necessário "criarmos modelos adequados e adaptados à nossa realidade, por um lado, porque vivemos uma fase de resiliência alimentar, por outro lado, seca e estiagem e isso submete-nos à necessidade de adoptarmos estratégias compatíveis à realidade local", disse o responsável.

Pelágio Ndafenongo Silikuvamwe, que falava aos jornalistas, em Luanda, no âmbito de uma acção de formação, promovida pelo Ministério da Educação, deu conta que 70 por cento das escolas do Cunene são de construção precária ou debaixo de árvores.

O coordenador da ZIP Cunene fez saber também que a província tem matriculado perto de 300 mil crianças no presente ano escolar 2021/22, mas, em consequência da constante mobilidade populacional, as desistências atingiram já os cerca de 40 por cento.

O número de desistência de alunos "oscila entre os 35 por cento a 40 por cento, em algumas comunidades, o que é bastante preocupante por causa da situação da resiliência alimentar".

"Temos verificado essas desistências por causa das situações que temos vivenciado, fundamentalmente a fome e a seca, o que leva muitas crianças deslocarem-se de uma comunidade para a outra e aí também tem-se verificado muitas desistências", frisou.

O Cunene é uma das províncias ao sul mais afectada nos últimos anos pela longa estiagem e seca, situação que concorre para a constante mobilidade das populações, inclusive para a Namíbia, em busca de meios de subsistência.

O Governo desenvolve várias acções, como a construção de projectos estruturantes e a distribuição de água e alimentos às populações, visando contrapor o actual cenário de estiagem.

A "fraca adesão" de alunos às escolas, justificou Pelágio Ndafenongo Silikuvamwe, resulta sobretudo de problemas climáticos, que tem reduzido a possibilidade das comunidades terem acesso à água.
"E muitas vezes os problemas socioculturais submetem essas crianças em idade escolar longas distâncias para irem à transumância, acompanhar o gado para a alimentação e a procura de água", apontou.

Para o responsável, a construção de "escolas itinerantes e evolutivas", sobretudo para alunos do ensino primário, deve responder a actual dispersão da populacional e colmatar a abstenção de alunos em muitas escolas com mais de cinco salas de aula.

"É uma sugestão que vamos levar ao mais alto nível para poder se analisar, para que no momento da edificação de escolas sejam adaptadas à realidade local para o maior aproveitamento e racionalização dos recursos", rematou o dirigente.

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