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Celebração do 80.º aniversário de escritor angolano Manuel Rui inclui edição de inéditos

O escritor angolano Manuel Rui, que celebra 80 anos na Quinta-feira, é homenageado esta semana em Luanda com várias iniciativas, destacando-se o lançamento de obras inéditas, incluído dois livros infanto-juvenis, uma mesa-redonda e ensaios sobre a sua obra.

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O programa das comemorações, que decorrem entre Quarta-feira e Sexta-feira, é organizado pela Mayamba Editora, em parceria com a União dos Escritores Angolanos, Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto e Gabinete Provincial da Educação de Luanda.

Em declarações à Lusa, o coordenador da homenagem, Arlindo Isabel, justificou a iniciativa com o facto de Manuel Rui ser umas das vozes mais importantes da literatura angolana e pelo seu papel na luta contra o colonialismo, tendo assumido funções no governo de transição do pós-independência.

"Teve uma participação activa no forjar da consciência libertária do povo angolano", realçou, destacando o carácter humanista da escrita de Manuel Rui.

Romancista, ensaísta, cronista, dramaturgo e poeta, Manuel Rui é também autor do Hino Nacional de Angola, em parceria com Rui Mingas, e do poema "Meninos do Huambo", que se celebrizou como canção na voz do cantor português Paulo de Carvalho.

"Nunca esqueceu as ideias fundamentais da liberdade, do respeito pelas liberdades de expressão, de pensamento, de imprensa, e tudo isso é visível na sua obra literária. Por isso, achamos que era merecida esta homenagem aos 80 anos para a qual toda a sociedade está mobilizada", sublinhou o mesmo responsável.

A preocupação com os humildes e com as crianças, sobretudo, bem como com a verdadeira emancipação do homem angolano em todas as suas dimensões são outras das características distintivas da escrita de Manuel Rui, segundo Arlindo Isabel.

Para assinalar a efeméride, vão ser lançadas obras inéditas: na Quarta-feira, além de recitais de poesia em escolas, serão apresentadas, na escola n.º 1002 da Samba, na periferia de Luanda, os livros infanto-juvenis "A Boneca de Trapos" e a "Alegria da Girafa".

Na Quinta-feira, dia 4 de Novembro, dia do aniversário de Manuel Rui, o programa contempla uma mesa-redonda sobre a sua vida e obra, com intervenção de vários especialistas e académicos, angolanos, portugueses e angolanos.

Além da apresentação de nove comunicações, incluindo uma do próprio Manuel Rui, serão lançados dois ensaios do português Luís Gaivão, investigador na área de pós-colonialismos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra: "Manuel Rui – Obra, Escrito e Pensamento" e "O Sul Descolonial na Obra de Manuel Rui".

Na Sexta-feira, além da apresentação do documentário "O Içar da Bandeira – uma homenagem a Agostinho Neto", são lançadas mais duas obras inéditas, o romance "O Benguelense Boxeur" e o livro de contos "Tio Jorge e Outros Quês", seguindo-se uma sessão de autógrafos na União dos Escritores Angolanos.

Manuel Rui Alves Monteiro nasceu na cidade do Huambo, a 4 de Novembro de 1941, e efectuou os seus estudos primários e secundários no Huambo, seguindo para Portugal, onde estudou Direito na Universidade de Coimbra, terminando o curso em 1969, indica a nota biográfica disponibilizada no site da União dos Escritores Angolanos.

Enquanto estudante foi activista cultural da Casa dos Estudantes do Império (CEI), em Lisboa, e participou em acontecimentos literários e políticas, tendo sido preso por dois meses em Portugal.

Exerceu advocacia em Coimbra e Viseu, foi membro da redacção da revista Vértice, fez parte da direcção da Editora Centelha, e regressou a Angola em 1974, onde foi director-geral da Informação e Ministro da Informação, no Governo de Transição.

Após a independência ocupou diversos cargos entre os quais o de director da Faculdade de letras do Lubango e do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED). Foi também professor universitário e jurista.

Entre os seus cerca de 50 títulos, que cobrem todos os géneros literários destaca-se a novela "Quem me dera ser Onda", com várias edições, traduzido para várias línguas, onde os principias protagonistas são duas crianças e um porco, tendo como cenário a cidade de Luanda após a independência.

"O Kaputo Camionista e Eusébio", "Quem Me Dera Ser Onda" e "Do Rio ao Mar", publicados pela Guerra e Paz, estão entre as edições mais recentes das obras de Manuel Rui, em Portugal.

Entre outros títulos publicados no país, constam "Travessia por Imagem", pela Teodolito, "Janela de Sónia", "Estórias de Conversa" e "A Casa do Rio", pela Editorial Caminho, "O manequim e o piano", "Regresso adiado", "Um morto & os vivos", "Rioseco" e "Crónica de um Mujimbo", pela Cotovia, "Memória De Mar" e a poesia de "Cinco Vezes Onze - Poemas em Novembro", pelas Edições 70.

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