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Sindicato dos Jornalistas condena “violência policial” contra profissionais e “receia por mortes”

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) repudiou esta Terça-feira a “violência policial” contra os jornalistas durante a cobertura de manifestações e instou o comandante geral da polícia a “explicar as constantes agressões” aos profissionais, receando por mortes.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"A situação é grave e nós entendemos que os órgãos competentes, no caso o senhor comandante geral, deveria se dignar em explicar à sociedade por que razão é que a polícia nacional tem estado a agredir, tem estado a violentar os jornalistas no exercício das suas funções", afirmou esta Terça-feira o secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido.

O sindicalista referiu que com as "recorrentes agressões" policiais corre-se o risco de se ver "um jornalista morto, simplesmente porque se deslocou para a cobertura de uma manifestação, que é um facto de interesse público".

O secretário-geral do SJA falava esta Terça-feira em conferência de imprensa, em Luanda, em que condenou as violações das liberdades dos jornalistas, no exercício da sua actividade, sobretudo em cobertura de manifestações.

"O mais assustador é que as autoridades do país não se predispõem em prestar esclarecimentos ou reparar os danos", lamentou.

Pelo menos seis jornalistas foram agredidos e detidos, em Luanda, quando faziam a cobertura da manifestação de 24 de Outubro, que resultou na detenção de mais de 100 activistas, que uma semana depois foram submetidos a julgamento sumário.

Na sequência desta manifestação, cuja repressão policial foi repudiada em diferentes círculos sociais e políticos do país.

O Presidente, João Lourenço, lamentou, a 29 de Outubro, a detenção de jornalistas, que cobriam a manifestação frustrada pela polícia nacional, e disse esperar que "detenções de jornalistas devidamente credenciados e no pleno exercício das suas funções não voltem a acontecer".

No entanto, na última manifestação de 11 de Novembro, em que jovens protestavam por melhores condições de vida, mais dois jornalistas foram detidos, inclusive um correspondente da Reuters que ficou com a câmara fotográfica danificada.

Teixeira Cândido, que classifica de gravíssimos os últimos acontecimentos, recordou também que no dia 10 de Novembro o jornalista Cristóvão Luemba, correspondente da Emissora Católica de Angola na província de Cabinda, foi obrigado a apresentar-se no Serviço de Investigação Criminal (SIC) local, "por entrevistar manifestantes".

"O SIC não tinha nenhuma ordem judicial, tão pouco disse a razão que esteve na base de obrigar o jornalista a ir até ao SIC. Ficou lá por alguns minutos, não foi ouvido e esse tipo de intimidações condenamos", frisou.

O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas anunciou que o jornalista vai dar entrada esta Terça-feira de uma acção judicial contra os efectivos do SIC, naquela província do norte do país.

O responsável recordou também as agressões físicas de que foram alvo os jornalistas Leo Bogotá, correspondente da Reuters, e Fernando Guelengue, detidos na manifestação de 11 de Novembro, considerando serem "actos reprováveis".

O líder sindical disse igualmente já ter abordado o assunto com o antigo ministro do Interior e actual comandante geral da polícia, "mas infelizmente", realçou, as agressões contra os jornalistas "não pararam".

O apelo do Presidente da República, observou, "transmitiu alguma tranquilidade para a classe jornalística, mas infelizmente a própria polícia nacional ignorou completamente o apelo do senhor Presidente".

"Infelizmente estamos a ver a polícia nacional a agredir profissionais e a pergunta que colocamos é que como podemos encarar uma polícia que deveria agir com base na lei, mas não o faz", apontou.

"Não se consegue reparar o dano da agressão física, o que entendemos é que de facto a polícia nacional terá de reparar esse dano, o sindicato vai escrever para o comando geral da polícia para reparar o dano feito ao colega Leo Bogotá", assegurou.

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