África regista mais de 2,1 milhões de casos de infecção com covid-19, que representam 3,5 por cento do total de infecções a nível global, sendo que 85 por cento das pessoas (mais de 1,78 milhões) recuperaram. O número de mortes devido à doença ultrapassa a barreira das 50 mil.
Na última semana, o continente africano registou 94 mil novos casos de infecção e 2400 mortes devido à covid-19 e cinco países são responsáveis por cerca de 70 por cento do total de infecções: África do Sul, Marrocos, Egipto, Etiópia e Tunísia, anunciou o director do CDC, John Nkengasong, na conferência de imprensa semanal sobre a situação da pandemia em África.
Quando analisadas as últimas quatro semanas, entre 26 de Outubro e 22 de Novembro, a evolução epidemiológica vai no sentido de um aumento de 7,5 por cento de novos casos no conjunto das cinco regiões de África.
Entre os países mais populosos de África, a Nigéria registou nas últimas quatro semanas um aumento médio de 26 por cento de novos casos, o Egipto, 20 por cento, a República Democrática do Congo, 44 por cento, a África do Sul, 10 por cento, e o Quénia, 11 por cento. Entre o grupo de seis países com maior população, apenas a Etiópia registou uma diminuição de 7 por cento no número médio de infecções.
"Estes números mostram que a curva da epidemia está a subir de forma consistente", sublinhou o director do CDC.
"Continuamos a registar progressos muito bons em termos de testes", anunciou ainda John Nkengasong. O continente testou até agora cerca de 21 milhões de indivíduos e dez países contribuíram para cerca de 70 por cento dos testes realizados: África do Sul, Marrocos, Etiópia, Egipto, Quénia, Gana, Nigéria, Ruanda, Uganda e Camarões.
O África CDC começou a distribuir 2,7 milhões de testes antigénicos em todo o continente, um "desenvolvimento" que dá "esperança" à organização. "Talvez estejamos perante uma mudança de jogo", que permite testes mais rápidos e fáceis, disse Nkengasong.
As vacinas contra a covid-19 em África podem não começar a ser ministradas à população antes de meados do próximo ano, disse o principal funcionário de saúde pública do continente, que sublinhou que será "extremamente perigoso" se as regiões mais desenvolvidas do mundo se vacinarem a si próprias e depois limitarem as viagens a pessoas sem o comprovativo de vacinação.
John Nkengasong disse aos jornalistas, durante a conferência de imprensa virtual do África CDC a partir da sede da organização, em Adis Abeba, que já viu no passado como "a África é negligenciada quando os medicamentos estão disponíveis", e ilustrou a afirmação com o caso dos medicamentos anti-VIH, que demoraram 10 anos a chegar ao continente e custaram 12 milhões de vidas durante esse período.
Finalmente, o director do África CDC manifestou-se "muito, muito encorajado" com as notícias de um conjunto de vacinas contra a covid-19 que se encontram em ensaios clínicos, embora tenha sublinhado também que o armazenamento a frio necessário para que algumas possam chegar a África seja um grande desafio.
O África CDC tem vindo a discutir opções de vacinas com a Rússia, China e outros parceiros, procurando "não ficar para trás" na corrida para obter as vacinas de que precisa: cerca de 1,5 mil milhões de doses, assumindo duas por pessoa, para atingir a cobertura de 60 por cento necessária à imunização do continente. Isto apenas numa primeira vaga de ataque, sublinhou Nkengasong.
"A pior coisa que queremos para o continente é que a covid-19 se torne uma doença endémica" em África, disse.
África registou 332 mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas, alcançando um total de 50.628 vítimas mortais causadas pelo novo coronavírus, que já infectou 2.106.931 pessoas, mais 14.652 casos, segundo dados oficiais.