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João Lourenço nega que MPLA esteja cansado, “revus” apontam ‘software’ desactualizado

O Presidente João Lourenço afirmou esta Quinta-feira que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) “não está cansado” e está preparado para as próximas eleições, respondendo a um activista que questionou o ‘software’ desactualizado dos partidos nacionais.

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João Lourenço participou, ao longo de mais de quatro horas num encontro em Luanda com representantes da juventude, incluindo activistas do chamado movimento revolucionário, conhecido como "revus".

Entre estes, esteve Afonso Matias, também chamado Mbanza Hamza, activista cívico e um dos integrantes do processo "15+2", jovens condenados em 2016 pelos crimes de actos preparatórios para a prática de rebelião e atentado contra o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que expôs perante João Lourenço as inquietações da juventude.

"Nós somos os activistas, os 'revus', somos conhecidos como aqueles que só reclamam e não querem dialogar, mas hoje estamos aqui", começou por dizer Hamza, admitindo que não houve consenso no movimento quanto à presença no encontro convocado por João Lourenço.

Mbanza Hamza focou problemas como a fome e o partidarismo do país e salientou que os atuais partidos, como o MPLA, no poder há mais de quatro décadas, mas também forças da oposição como a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), têm o 'software' desactualizado.

"A luta a que se dispunham já foi concretizada, o MPLA já cumpriu o seu papel, assim como os outros e nesta altura já deviam estar a descansar", desafiou Hamza, salientando que o que move os activistas é o mesmo que move o executivo: "Somos todos patriotas e queremos todos um país melhor".

Numa intervenção muito aplaudida, Mbanza Hamza saudou o facto de, pela primeira vez, o executivo ter abordado a morte de Inocêncio de Matos, jovem que morreu numa manifestação em 11 de Novembro, e que viu cumprir-se um minuto de silêncio em sua memória no início do encontro, dizendo ao Presidente que gostaria de ter ouvido o seu nome.

"Nós ainda não estamos cansados, ainda temos mais dois anos e só temos uma entidade que pode nos mandar descansar, que são os eleitores", respondeu João Lourenço ao "revu", perguntando-lhe se estaria preparado para substituir o MPLA, ao que Mbanza Hamza respondeu afirmativamente.

"Tem de provar que é melhor do que o MPLA e ganhar, mas até chegar lá tem de andar muito", replicou o chefe de Estado que, durante a longa conversa, manteve momentos descontraídos e por vezes numa vertente pessoal, falando sobre a sua infância e juventude, a sua família e a sua ligação ao campo, já que possui uma fazenda a cerca de 300 quilómetros de Luanda.

A um outro activista, Jaime MC, que falou sobre a perseguição de jornalistas, João Lourenço pediu que lhe fossem apontados casos concretos e considerou que nunca houve tanta liberdade de expressão como actualmente.

"Nunca se falou tão mal dos dirigentes políticos como hoje", frisou o Presidente, notando que até ameaças de morte são feitas.

"Vocês inventaram uma expressão: 'Em 2022, vais gostar', essa expressão não é minha, é vossa, então, nós estamos à espera", disse João Lourenço, num desafio aos activistas presentes e retomando o 'slogan' que estes popularizaram para apelar à derrota do MPLA nas próximas eleições, marcadas para 2022.

Entre os mais de cem jovens presentes, representando diversos, organizações políticas, associações, artistas e activistas, 21 tiveram direito a expressar directamente as suas preocupações ao Presidente da República.

Foram abordados temas como o emprego e o empreendedorismo, a fome, os problemas dos taxistas, a habitação, a discriminação das mulheres, as eleições autárquicas, a falta de financiamento de escolas e universidades, a falta de apoios e dificuldades dos deficientes e questões ambientais.

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