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Polícia nega existência de morto em confrontos e garante uso de meios não letais

A polícia negou que uma pessoa tenha morrido durante os confrontos em Luanda com jovens que se queriam manifestar, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei.

: Borralho Ndomba/DW
Borralho Ndomba/DW  

Em declarações aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, disse que o cidadão que foi dado como morto está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar.

“Caiu quando fugia da acção policial no sentido de dispersar as pessoas. Nós estávamos a dispersar em dois sentidos, porque não deviam fazer ajuntamentos e porque estavam a fazer desacatos contra as autoridades públicas, arremessando objectos e cometendo uma série de actos que constituem prevaricação à lei”, justificou.

A polícia impediu, no dia em que se celebraram os 45 anos de independência em Angola, uma manifestação proibida pelo Governo Provincial de Luanda, alegando incumprimento de horários, falta de moradas de alguns organizadores e incumprimento das medidas vigentes no decreto presidencial sobre situação de calamidade pública, que impedem ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública.

Sem indicar quantos manifestantes foram detidos, Eduardo Cerqueira adiantou que “foram recolhidos vários cidadãos com intuito de afastá-los das áreas onde se estavam a registar os factos”, incluindo dois jornalistas que foram levados para a esquadra.

“Foram interpelados, foram conduzidos à esquadra e depois de identificados encaminhados para suas casas”, afirmou o responsável, declarando que foi dada ordem “imediatamente” para devolução dos meios (câmaras, máquinas fotográficas e telemóveis), embora seja possível que “algumas formalidades ainda não tenham sido cumpridas”.

“Queremos cumprir a determinação do Presidente da República que diz que os jornalistas devem exercer a sua actividade, no âmbito da sua liberdade de acção”, realçou.

O comandante revelou que se registaram também “algumas detenções pontuais”: um indivíduo que ateou fogo num posto de abastecimento de combustível, dois que pretendiam pegar fogo a pneus junto de outra bomba, um manifestante com mandado de captura por roubo qualificado, outro por posse ilegal de estupefaciente e outro que danificou o vidro de uma viatura.

Segundo o responsável, os restantes foram libertados e “aconselhados a não voltar a aparecer em manifestações que não reúnam os requisitos, em termos da lei, para que se realizarem”.

Eduardo Cerqueira garantiu que a polícia não usou balas reais. “Isso seria um genocídio”, considerou, acrescentando que os feridos resultam da carga “aplicada contra quem aplica carga contra a polícia”, a fim de “neutralizar os indivíduos”.

“A polícia usou meios não letais próprios para esse tipo de eventos. Todos os estalos e barulhos que ouviram são próprios de elementos não letais. É possível que alguns, como é o caso do gás lacrimogéneo, possa causar algum mal-estar a esta ou aquela pessoa”, destacou.

Entre a polícia não há registo de feridos, mas há duas pessoas no hospital, admitiu: o que estava dado como morto, mas que “está fora de perigo”, e um outro que está a ser assistido, sem confirmar se se trata do activista Nito Alves.

O comandante da polícia salientou ainda que “não falhou nada” na actuação policial.

“O que falhou apenas foi a obstinação, a teimosia de alguns cidadãos em manifestar-se quando não reuniam os requisitos que a lei orienta do ponto de vista do estado de calamidade, não do ponto de vista de manifestação”, considerou.

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