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Economia

Quase um terço dos municípios com incidência de pobreza acima dos 90 por cento

Cerca de nove em cada dez angolanos são pobres e dos 164 municípios de Angola, 65 apresentam uma incidência e intensidade de pobreza acima dos 90 por cento, revela o Índice de Pobreza Multidimensional por Municípios (IPM-M).

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O estudo elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com base nos dados do Censo Populacional de 2014, contou com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD) e da Universidade de Oxford, e foi apresentado em Luanda.

No IPM-M foram analisadas quatro dimensões - saúde, educação, qualidade da habitação e emprego - e 11 indicadores (água, frequência escolar, desemprego juvenil, saneamento, electricidade, desemprego adulto, registo civil, combustível para cozinhar, dependência, escolaridade e habitação), concluindo-se que o município com maior índice de pobreza em Angola é o Curoca (0,753), da província do Cunene.

Depois do Curoca seguem-se os municípios de Chicomba (0,639), na província da Huíla, e Capenda-Camulemba (0,608), província da Lunda Norte, com os maiores IPM-M do país.

“No extremo oposto está o município de Luanda, da província de Luanda, com um IPM-M de 0,029 e Lobito, na província de Benguela (0,110), entre outros”, lê-se no estudo.

Na análise aos municípios de Luanda, verificou-se que o município com o IPM-M mais elevado é a Quiçama, com 0,435.

Em Luanda, os municípios da Quiçama e Icolo e Bengo apresentam uma incidência de cerca de 70 e 75 por cento, respectivamente, significando que, pelo menos, sete em cada dez pessoas nessas regiões são multidimensionalmente pobres.

“Entretanto, importa realçar que os municípios de Luanda e Cazenga, apesar de apresentarem uma incidência relativamente baixa (7 por cento cada um), apresentam uma intensidade de 44 por cento, mostrando que os pobres sofrem em média 44 por cento de privações dos indicadores selecionados. O que quer dizer que os pobres nestes municípios apresentam uma intensidade elevada de pobreza”, indica o relatório.

No município da Quiçama, em Luanda, a percentagem de contribuição para o IPM-M é maior no que diz respeito à falta de saneamento (18 por cento), seguido da água (16 por cento) e electricidade (14 por cento).

Na província do Cunene, dos seus seis municípios, o Curoca apresenta problemas de saneamento na ordem dos 16 por cento, de água 12 por cento e de electricidade e combustível para cozinhar 11 por cento cada.

No Cunene, em todos os municípios, os indicadores sobre água, saneamento e electricidade da rede pública contribuem com mais de 40 por cento para a pobreza dos mesmos.

Em declarações à imprensa, Eliana Quintas, técnica sénior do INE, que procedeu à apresentação dos resultados, disse que o estudo permitiu concluir que em todos os municípios de Angola há pobreza.

Eliana Quintas realçou que, em cada 100 pessoas no Curoca, 98 são pobres em todas as dimensões. “Por exemplo, no município do Curoca, temos uma incidência de 98 por cento e uma intensidade de pobreza de cerca de 77 por cento nos 11 indicadores das quatro dimensões. Então eles são muito pobres e intensamente pobres”, disse.

A responsável acrescentou que os dados mostram que os municípios que se encontram no litoral são os que têm uma incidência de pobreza mais baixa, enquanto que os do sul e uma parte do leste são os mais pobres.

Segundo Eliana Quintas, o INE retratou a situação dos municípios para ajudar as autoridades a classificarem e priorizarem as suas políticas de combate à pobreza.

Questionada se desde 2014, os dados agora apresentados não estão desajustados face ao tempo percorrido e a situação de crise económica, a técnica sénior do INE rejeitou, afirmando que “não houve muita alteração”, o que justificou dizendo que "o INE tem feito alguns inquéritos de acompanhamento, que podem confirmar que os dados não mudam muito”.

Eliana Quintas anunciou que depois deste relatório começa a ser elaborado, no primeiro trimestre de 2020, o IPM provincial, analisando zonas rurais e urbanas, com base nos resultados do Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde de 2020.

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