Ver Angola

Cultura

Luso-angolana Mónica de Miranda leva “ruínas do império” a festival de fotografia de Xangai

Uma fotografia das “ruínas do passado deixado pelo império português” em São Tomé e Príncipe, da luso-angolana Mónica de Miranda, foi seleccionada para a exposição do Festival Internacional de Fotografia de Xangai, que arrancou esta Sexta-feira.

:

Segundo a organização do festival, o júri seleccionou 175 trabalhos para a 16.ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica de Xangai, uma lista que apenas inclui sete fotógrafos radicados no estrangeiro.

Entre os trabalhos escolhidos está 'All that burns melts into air' ('Tudo o que arde torna-se ar'), parte de um projecto de investigação sobre "o estado da memória do império colonial na malha urbana", disse Mónica de Miranda à Lusa.

Em obras anteriores, a luso-angolana já tinha fotografado "várias estruturas deixadas pelos portugueses na cidade de Luanda" e "as memórias que ainda permanecem" na capital moçambicana, Maputo.

No caso das roças de São Tomé e Príncipe, "as imagens captam espaços que vão sendo engolidos pela própria natureza. Há um sentido de regeneração, do passado engolido e um novo presente a ser criado", explicou Mónica de Miranda.

No arquipélago, a fotógrafa também captou o cinema da capital, São Tomé, uma estrutura do tempo colonial "reconstruída com dinheiro chinês", o que reflecte "essa relação África-Ásia, que está bastante presente no nosso tempo contemporâneo".

A luso-angolana já fez uma residência na Red Gate Gallery, em Pequim, em 2018, mas o Festival Internacional de Fotografia de Xangai é a primeira vez que participa numa mostra asiática.

"Espero que seja uma oportunidade para me abrir as portas para expor mais numa região de que eu gosto imenso, em termos culturais e artísticos", disse Mónica de Miranda.

A fotógrafa apontou "a construção das paisagens, a figura humana em relação às paisagens" e "a captação da própria atmosfera do lugar" como características da sua obra com ligações à arte oriental.

O festival de Xangai recebeu quase 53.100 trabalhos – um novo recorde – apresentados por mais de 4300 fotógrafos de 15 países e das 34 regiões autónomas, províncias, municípios e regiões administrativas especiais da China.

Mónica de Miranda diz que a presença em Xangai surgiu através de um convite dos organizadores da Bienal de Dacar, na capital do Senegal, na qual a fotógrafa participou em 2016.

A exposição oficial do Festival Internacional de Fotografia de Xangai vai estar patente até 13 de Novembro num antigo armazém de lã e linho, convertido num espaço para eventos, na zona de Yangpu, junto ao rio Huangpu, que atravessa a cidade chinesa.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.