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Bispos católicos defendem estado de emergência no sul do país devido à seca

Bispos católicos angolanos defenderam esta Segunda-feira a declaração de estado de emergência no sul do país, devido à seca e fome provocada pela longa estiagem, pedindo às autoridades “humildade" e para "não confundirem a fome com a questão política”.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"Que se declare o estado de emergência no sul do país para permitir a ajuda da comunidade internacional e que o PIIM [Programa Integrado de Intervenção nos Municípios] priorize programas de combate à fome e à pobreza", recomendaram os bispos angolanos no final da sua segunda assembleia anual.

O conclave dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) teve início em 6 de Outubro e terminou com uma conferência de imprensa, em Luanda, onde foram apresentadas análises e constatações sobre a situação religiosa e sociopolítica de Angola.

Em relação ao pedido de estado de emergência no sul de Angola, explicou o bispo Belmiro Chissengueti, porta-voz da CEAST, "é decorrente do facto da estiagem estar a ser longa" e do facto de "que ao se declarar o estado de emergência dá a possibilidade de se receberem apoios externos".

"Nós precisamos destes apoios e é preciso não confundirmos a fome com questão política, é preciso sermos humildes e termos a capacidade de dizer [que] os nossos esforços chegaram até determinada possibilidade", afirmou o também bispo da diocese de Cabinda.

Milhares de pessoas, entre adultos e crianças, sofrem as consequências de seca no sul do país, com relatos de "fome extrema, mortes e desnutrição", derivados da longa estiagem, situação que concorre para a "emigração forçada" de angolanos para os países fronteiriços.

A situação da seca e da fome no sul do país tem sido acompanhada pelas autoridades, sobretudo pelo Presidente da República, João Lourenço, que nos últimos anos visitou algumas regiões afectadas e anunciou a construção de infra-estruturas e a canalização de apoios alimentares para acudir às populações.

Os bispos da CEAST defenderam que, para acudir à situação, as autoridades angolanas "devem pedir ajuda internacional que não é nenhum favor que se presta, pois, Angola é parte dessa comunidade internacional e tem a sua quota-parte nas organizações internacionais".

"Quando os camiões de arroz são assaltados em pleno dia em Benguela, quando encontramos pessoas nos contentores de lixo, até mesmo aqui na grande Luanda, e em muitos outros lugares, penso que não precisamos de microscópio para assumirmos a nossa debilidade, mas é preciso assumirmos o momento presente para salvarmos vidas", exortou Belmiro Chissengueti.

A plenária elegeu igualmente o arcebispo angolano de Saurimo, José Manuel Imbamba, como novo presidente da CEAST e o bispo do Dundo, Estanislau Marques Tchindecasse, vice-presidente do colégio eclesial, para o triénio 2021-2024.

Os bispos da CEAST "congratularam-se" ainda como o modo como decorreram as eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe e auguraram ao novo Presidente do país, Carlos Vila Nova, "um desempenho frutuoso e pacífico do seu cargo".

Várias entidades sociopolíticas angolanas foram recebidas pelos prelados católicos durante os dias de trabalho da plenária, que encerrou esta Segunda-feira, entre elas Adalberto Costa Júnior, até então presidente da UNITA, e membros do Conselho Superior da Magistratura Judicial.

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