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Saúde

Famílias temem que campanha contra poliomielite seja teste para vacina da covid-19

As autoridades sanitárias pretendem vacinar mais de cinco milhões de crianças contra a poliomielite, mas estão a enfrentar dificuldades por a população pensar que são testes de vacinas para a covid-19, informou o Ministério da Saúde.

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Em declarações à agência Lusa, a directora do Programa Alargado de Vacinação (PAV) do Ministério da Saúde, Alda Sousa, disse que a população está habituada a que as equipas de vacinação vão a suas casas e administrem gotas às crianças, mas que agora a vacina é injectável.

"Nós não podemos fazer vacinação casa a casa, por causa da vacina injectável, temos a vacina injectável para a pólio e, para algumas províncias, para o sarampo, daí que a estratégia tem de ser mesmo com postos fixos e algumas equipas avançadas", explicou.
A directora do PAV lamentou que, "infelizmente", algumas pessoas pensem que as equipas de vacinação estão "a testar a vacina da covid-19", como aconteceu na província do Zaire.

"Em todas as províncias onde a gente passa tem sempre um grupinho de pessoas que dizem que têm medo, que pensam que é a vacina da covid-19", reforçou.

Alda Sousa frisou que com a experiência obtida na primeira fase da campanha de vacinação, nas províncias do sul, a abordagem de mobilização social mudou.

"Nós conseguimos depois acabar com algumas recusas, conseguimos ultrapassar o problema. Quer dizer que, antigamente, se nós necessitávamos de cinco minutos para mobilizar alguém, agora há momentos em que nós temos que conversar com as mães 15, 20 minutos, até as convencermos", referiu.

Segundo Alda Sousa, em alguns municípios foi encontrada a estratégia de colocar as equipas de vacinação em casa dos sobas (autoridade tradicional).

Na primeira fase da campanha, a taxa de cobertura foi de 76 por cento, e para a fase que vai terminar este sábado, que cobre províncias do norte e leste do país, os dados ainda não estão consolidados, mas os já disponíveis mostram que ficou aquém do esperado.

"Agora ainda não temos os dados consolidados, porque estes dias estão a vacinar a área rural e temos problemas de comunicação, de maneira que temos ainda poucos dados, mas os dados disponíveis mostram que ainda temos de trabalhar muito, para ver se conseguimos alcançar a meta", frisou.

Alda Sousa disse que foi também decidido manter os postos de vacinação depois dos nove dias da campanha por pelo menos uma semana, para que as pessoas adiram, tendo em conta também que a época agrícola interfere na mobilização da população.

Depois das províncias do sul, norte e leste do país, a campanha vai cobrir no próximo mês as províncias de Luanda, Cuanza Norte e Cuanza Sul, as primeiras que registaram casos de infecção com o coronavírus no país.

"Tendo em conta a pandemia da covid-19 então protelámos, preferimos prestar todo o apoio necessário para maior segurança e então começámos pelas províncias menos problemáticas, porque na altura era Luanda, Cuanza Norte e Cuanza Sul que haviam registado os primeiros casos de covid-19", sublinhou Alda Sousa.

"Foi naquela altura que nós fizemos a planificação e agrupámos todas elas numa só fase", mobilizando toda a equipa nacional para Luanda e as outras duas províncias, acrescentou.

Apesar de África estar livre do poliovírus selvagem, as crianças vão continuar a ser vacinadas por via oral e injectável contra esta doença, para a sua imunização e para evitar o reaparecimento do vírus, disse a directora do PAV.

Além da vacina da pólio está a ser administrada a vacina contra o sarampo nas zonas onde se registam casos, nomeadamente, Cabinda, e vitamina A.

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