De acordo com a deliberação aprovada no final da assembleia-geral extraordinária e lida por Arlete Luyele, presidente do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos, além da destituição foi também decidido criar uma comissão de inquérito para analisar as irregularidades e promover uma auditoria independente.
Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária da ORMED, é acusada de "descaminho de fundos e gestão danosa" da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas, e de "outros gastos injustificados", o que levou à convocação da assembleia-geral extraordinária cujo ponto único era a destituição da bastonária.
Após analisar os factos e circunstâncias apresentadas, a assembleia deliberou destituir a bastonária, com efeitos imediatos, e constituir uma comissão de gestão que terá a responsabilidade de tratar dos assuntos correntes e promover novas eleições em 90 dias.
Foi também decidido criar uma comissão de inquérito que terá a responsabilidade de analisar as não conformidades apresentadas e realizar uma auditoria independente por órgão externo às contas da Ordem.
Participaram na assembleia geral extraordinária 53 médicos, presencialmente, e outros 408, de forma virtual, através da plataforma Zoom.
Na altura em que foi convocada a assembleia, em Setembro, associados manifestam o seu desagrado com o desempenho de Elisa Gaspar que se agudizou "com as recentes ocorrências", como o não alinhamento com os interesses da classe, falta de transparência na gestão dos recursos da Ordem e na apresentação das contas, e denúncias de má gestão financeira. A bastonária tem negado todas as acusações.
Os médicos mostraram também descontentamento depois de a bastonária se demarcar da marcha convocada pelo sindicato nacional (SINMEA) em homenagem a Sílvio Dala, pediatra que morreu no início de Setembro na sequência de uma intervenção policial, e que juntou centenas de profissionais de saúde e elementos da sociedade civil em Luanda.