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Vandalização de condutas deixa Ondjiva sem água e provoca a morte de 16.000 galinhas

A vandalização de condutas de água em Ondjiva, capital da província do Cunene, que atravessa uma grave seca, interrompeu o abastecimento de água e provocou a morte de mais de 16.000 galinhas do único aviário da região.

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A informação foi avançada à agência Lusa, por Jorge Leite, sócio do Complexo Avícola de Oipembe, que avançou que devido à vandalização nas condutas por populares e a uma avaria na estação de bombeamento de Xangango, “que precisa de peças que têm se ser importadas da Itália”, o fornecimento de água está em falta há mais de uma semana.

O responsável do aviário adiantou que não está ainda restabelecido o abastecimento de água à cidade.

"O problema persiste na cidade, onde não há água na canalização nem nos centros de distribuição da empresa de águas”, frisou o empresário.

O aviário tem contornado a situação com recurso a camiões cisternas, que são abastecidos a 30 quilómetros de Ondjiva, a capital do Cunene, uma província que, desde Outubro de 2018, enfrenta uma situação de seca severa.

“No aviário, conseguimos arranjar camiões cisternas que, para já, nos garantem termos água no projecto, mas não sabemos o que é que vai acontecer se continuar a não haver água da canalização. Estamos a ir buscar água a 30 quilómetros da cidade e temos de esperar quase 12 horas para carregar água”, disse.

O aviário necessita de 30 mil litros de água por dia, 10 mil dos quais para as aves, sendo a cisterna de água, de 20 mil litros, comercializada ao preço de 15.000 kwanzas.

Face à situação, o aviário registou a morte, no Sábado, de cerca de 16.000 galinhas, por asfixia, devido à falta de água para o sistema de arrefecimento da nave.

“Ainda não fizemos a contagem das aves, porque também estamos a deixar descansar as que sobreviveram, porque estiveram numa situação de stresse e não queremos estar a movimentá-las”, referiu Jorge Leite, salientando que a unidade contava com uma população de 23.800 aves e produzia diariamente mais de 23 mil ovos.

Questionado se houve a garantia de algum apoio das autoridades na sequência da situação, Jorge Leite referiu que não, apenas o esforço desenvolvido pela administração da província e a companhia de águas para a obtenção de água, através de camiões-cisterna.

“Mas em termos do Governo central ou do governo provincial não temos garantias do que é se vai passar ou o que é que se vai resolver. Penso que com este prejuízo todo só com a intervenção do Governo central é que se poderá fazer alguma coisa, inserindo isso no plano de calamidade da seca aqui na província”, referiu.

De acordo com o empresário, o projecto, no valor de 1,8 milhões de dólares, foi implementado com o financiamento de 1,5 milhões de dólares do extinto Programa Angola Investe, sendo os prejuízos, causados por esta situação, avultados.

“Em termos directos são as galinhas multiplicadas por cerca de 2400 kwanzas, que custa cada galinha, e em termos indirectos, a produção que as galinhas iam fazer nos próximos oito meses, que ainda estariam a produzir ovos”, salientou.

“Além de que, com as galinhas que restaram, não vamos poder honrar os pagamentos ou financiamento do Angola Investe e honrar pagamentos de salários. Não sabemos como vamos comprar a ração, os custos indirectos não são contabilizáveis ainda, mas também são avultados”, acrescentou.

Jorge Leite disse que ainda não foi feita uma ligação da água da rede pública ao aviário, que se encontra a uma distância de cerca de mil metros, devido a dificuldades de tesouraria, tendo solicitado apoio ao Governo central, mas sem sucesso.

“Já estávamos debilitados financeiramente, devido à dificuldade de divisas para importarmos a ração, foi uma das razões pelas quais não conseguimos fazer a ligação da água da rede pública”, explicou.

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