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Empresários portugueses em Angola mais optimistas e atentos a países vizinhos

Os empresários portugueses estão mais optimistas com a recuperação do mercado nacional, arriscando investimentos produtivos, mas também procuram oportunidades nos países vizinhos para onde alguns já exportam.

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A Lusa ouviu alguns responsáveis entre cerca de 300 expositores que marcaram presença na 4.ª edição da Expo-Indústria, na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, sendo a confiança a palavra de ordem.

Jorge Silva, director geral da Ferpinta Angola, que está no país desde 1997, descreve os últimos anos como “complicados”, devido à recessão, mas salienta que a empresa fabricante de tubos está expectante quanto novas oportunidades, no mercado interno, mas também nos países vizinhos.

“É necessário aproveitar a experiência” adquirida em Angola e a Ferpinta já está a fazer prospecções de mercado, adiantou à Lusa.

Actualmente, a Ferpinta já faz “alguma exportações pontuais para a Republica Democrática do Congo e para a Namíbia”, mas Jorge Silva sublinha que se trata ainda de uma fase preliminar para perceber como se comportam estes mercados e a partir daí “definir estratégias”.

O empresário admite que alguns sectores estão sobre dimensionados: “prepararam-se para responder às grandes obras e grandes empreitadas do passado e, neste momento, têm estrutura e máquinas que não estão a usar. Como tal, têm de pensar noutros mercados, por onde passará o crescimento”.

A proximidade de Angola “é uma grande vantagem”, destacou. “Quando se pensa importar, pensamos na China e na Europa e normalmente esquecemos que há também fabricantes em África que podem responder às necessidades dos países africanos”.

Apesar das contrariedades, a Ferpinta “está optimista e as coisas vão correr bem”, resume.

Para Ricardo Rocha, director geral da Sika Angola, uma empresa que possui uma fábrica de argamassas e aditivos para o betão em Angola há cerca de 10 anos, o mercado começa a dar sinais de crescimento.

“Ainda não está onde nós queremos, mas as perspectivas são boas”, afirmou o responsável da Sika Angola, indicando que já se vêem alguma obras a começar e, por isso, “há mais confiança”.

A empresa suíça de produtos químicos para a construção entrou em Angola pela mão da Sika Portugal e emprega actualmente 42 trabalhadores no país.

“Neste momento queremos preparar a nossa estrutura, queremos estar preparados para quando realmente houver um arranque da economia” e isso passa, segundo Ricardo Rocha, por formar quadros, e dinamizar a produção local.

Neste momento, a fábrica tem quatro linhas de produção activas, mas Ricardo Rocha avançou que 2020 “reserva uma surpresa”: mais uma linha de produção, no valor de cerca de 200 mil dólares.

Quanto ao impacto do IVA, que entrou em vigor este mês, defende que é positivo: “há uma altura complicada, a da implementação, que é um processo complexo, mas para uma organização como a nossa é muito positivo”, declarou, mostrando-se “confiante” na retoma da construção.

Paulo Rocha, director-geral da Quinta de Jugais Angola, uma empresa que produz charcutaria e doces criada em 2011, acredita também que o pior já passou e espera que, após alguns adiamentos, seja possível começar a produzir em Angola no próximo ano.

A fábrica que está a ser construída em Angola, que representa um investimento de 12 milhões de dólares, deve ser inaugurada em Julho do próximo ano e começar a produzir no final de 2020.

“A empresa entende que é muito importante produzir em Angola”, realçou.

A unidade industrial vai começar por produzir produtos de charcutaria como mortadela e fiambre, evoluindo depois para outros artigos.

“Se conseguirmos chegar, numa primeira fase, às 50 a 60 toneladas de produtos produzidos cá, por mês, é um passo importante”, assinalou o responsável da Quinta de Jugais Angola.

“Temos vindo a fazer a nossa consolidação. O mercado angolano é obviamente importante para nós e, por isso, a Quinta de Jugais decidiu constituir empresa em Angola”, justificou Paulo Rocha. Desde 2016, “por força da crise de preços do petróleo”, a empresa tem sentido “alguma dificuldade no acesso às divisas que permitam a importação”, mas ao longo deste ano “tem havido estabilidade”.

“Temos conseguido importar, não tudo o que desejávamos, mas na medida do possível”, adiantou o director-geral da empresa, que vende em Angola a mesma gama que a portuguesa Quinta de Jugais (charcutaria e doces), representando também os lacticínios da Nova Açores.

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