Ver Angola

Política

Dirigente da UNITA em Luanda considera “importante” que o partido “esteja nas instituições”

O secretário provincial da UNITA para Luanda, Nelito Ekuikui, afirmou esta Sexta-feira, pouco antes de tomar posse como deputado ao Parlamento para a quinta legislatura que se inicia, que “é importante que a UNITA esteja nas instituições”.

: Paulo Novais/Lusa
Paulo Novais/Lusa  

Convidado a dirigir uma palavra aos às pessoas que se sentem defraudadas e entendem que a UNITA não devia tomar posse, Ekuikui afirmou que "o tempo vai ajudar a esclarecer, mas é importante que a UNITA esteja nas instituições, para melhor defender [o povo] e continuar a fazer esta caminhada".

O secretário provincial da UNITA para Luanda considera a quinta legislatura do Parlamento desde a independência do país, em Novembro de 1975, que arranca esta Sexta-feira "obriga os políticos todos a respeitarem o povo, porque estas eleições demonstraram que o povo tem uma voz".

"E nós vimos a arrogância desaparecer. Por isso, seja qual for o desfecho [em relação ao apuramento dos resultados das eleições nacionais de 24 de Agosto e reconhecimento da sua legitimidade], os angolanos devem sentir-se orgulhosos pelo trabalho que fizeram", disse ainda.

"Somos obrigados a dialogar mais com o povo, a ficar junto do povo, para corresponder às suas expectativas. 'Nem sempre quem perde perdeu e nem sempre ganha quem ganhou', é uma frase que se diz por aí. Por isso estou certo de que há pessoas com legitimidade para falar em nome deste povo e nós temos legitimidade", acrescentou Ekuikui.

O responsável do partido do galo negro considerou ainda que o discurso de tomada de posse do Presidente João Lourenço esta Quinta-feira foi o "mesmo" de sempre e que pecou "essencialmente" por não se referir à realização de eleições autárquicas em Angola no futuro próximo, uma das maiores reivindicações do partido.

"O Presidente fez o mesmo discurso [de sempre]. O Presidente não falou das autárquicas. O Presidente não falou do que é essencial. Eu esperava um discurso que indicasse balizas para a construção de um futuro comum e [este] passa necessariamente pela realização das autárquicas", disse.

"Em função dos resultados destas eleições, há vários espaços onde o MPLA já não tem legitimidade para continuar a governar e só as autárquicas podem conferir legitimidade a outros", acrescentou Ekuikui.

O deputado eleitor pela UNITA afirmou ainda esperar do Presidente "um discurso de mais unidade para Angola e para os angolanos, um discurso de maior despartidarização das instituições do Estado. Mas também já sabemos que quem tem que fazer este caminho são os angolanos", apontou.

Quanto à hipótese de a UNITA vir a ser convidada para governar nos círculos eleitorais onde obteve a vitória nestas eleições, como Luanda, Zaire ou Cabinda, enquanto não são realizadas as eleições locais, Ekuikui entende que esta não é "necessariamente" uma compensação adequada, até porque, acrescentou, "a UNITA não anda à procura de espaços para governar num partido que não seja o seu".

"O importante é que o senhor Presidente convoque as eleições autárquicas e nos seja conferido efectivamente esse poder", declarou Nelito Ekuikui.

São esta Sexta-feira investidos os 220 deputados ao parlamento, que inicia a quinta legislatura desde a independência do país em 1975, e que constituirá deputados os 90 eleitos pela UNITA, apesar do partido não reconhecer os resultados eleitorais.

A primeira sessão parlamentar da próxima legislatura tem como ponto alto a investidura dos deputados eleitos, bem como a eleição do presidente da Assembleia Nacional, cargo que deverá ser assumido, pela primeira vez, por uma mulher, a ministra de Estado para a Área Social cessante, Carolina Cerqueira, número três das listas do MPLA.

A reunião constitutiva apreciará ainda as propostas da comissão de verificação de mandatos, da comissão eleitoral, do projeto de resolução que aprova a eleição do presidente, vice-presidente e secretários da mesa da Assembleia Nacional, entre outros pontos.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.