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TC confirma reclamação da UNITA mas diz que não pede anulação do sufrágio

Dois partidos da oposição, UNITA e CASA-CE, apresentaram recursos relativos ao processo eleitoral junto do Tribunal Constitucional (TC), nenhuma delas relativo à anulação de eleições, informou esta Sexta-feira a instituição.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"O tribunal recepcionou no final da tarde de ontem [Quinta-feira] duas reclamações, dois requerimentos que dão início ao contencioso eleitoral, um da UNITA e outro da coligação CASA-CE", disse a porta-voz do tribunal, Aida Gonçalves.

Sobre um eventual pedido de anulação das eleições, o director do gabinete dos partidos políticos do TC, Mauro Alexandre, indicou que, dos processos que deram entrada, nenhum deles faz referência em termos de pedidos formulados à anulação de eleições gerais, mas não especificou o seu conteúdo.

O responsável adiantou apenas que "têm a ver com exercício da votação e apuramento dos votos", já que a lei delimita qual o âmbito do contencioso eleitoral.​​​​​​​

Uma fonte próxima da direcção da UNITA disse na Quinta-feira à Lusa que no pedido de anulação das eleições, remetido ao TC, foram arroladas "várias reclamações, que se configuram em ilegalidades", registadas ao longo de todo o processo eleitoral.

Aida Gonçalves explicou que antes de serem apreciados, os requerimentos vão ser verificados pelo TC para avaliar se cumprem os requisitos e pressupostos processuais e só depois serão admitidos.

O TC irá então citar a parte recorrida – no caso, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) – para que esta apresente as suas contra-alegações, tendo um prazo de 72 horas para o fazer.

Só depois de o TC recepcionar esta resposta às contra-alegações é que volta a contar um novo prazo de 72 horas, contínuas, para que em sessão plenária sejam apreciadas e decididas as questões.

Mauro Alexandre referiu ainda que o TC é um órgão com jurisdição plena pelo que a sua decisão é de última instância no que diz respeito à validação da votação.

Na Segunda-feira, a CNE anunciou os resultados finais que deu uma vitória, com maioria absoluta, ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), um resultado contestado pela UNITA.

O presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, proclamou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o seu candidato, João Lourenço, como vencedores com 51,17 por cento dos votos, seguido da UNITA com 43,95 por cento.

Com estes resultados o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA elegeu 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.

A coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a APN e o P-Njango não obtiveram assentos na Assembleia Nacional, que na legislatura 2022-2027 vai contar com 220 deputados.

O líder da UNITA assumiu esta Sexta-feira vitória nas eleições pela primeira vez, através da sua conta na rede social Twitter, prometendo defender a "soberania do povo e o seu voto".

"Angolanos, a UNITA ganhou as eleições! Vamos defender a soberania do povo e o seu voto", escreveu Adalberto Costa Júnior, desafiando a CNE a comparar as actas que tem com as que deu aos partidos da oposição e reiterando que não aceita os resultados divulgados.

A publicação de Adalberto da Costa Júnior no Twitter foi feita às 00h22, pouco tempo depois de ter divulgado uma declaração em vídeo, em que se expressou também sobre os resultados das eleições gerais realizadas a 24 de Agosto, mas sem proclamar vitória.

Nessa declaração, o líder da UNITA prometeu que não vai abandonar quem votou no partido e justificou o silêncio que a sua formação política tem mantido sobre o assunto com os processos relacionados "com o contencioso eleitoral, cujos prazos estão a decorrer e previstos na lei", numa referência às queixas na CNE.

A UNITA exige que a CNE compare as actas das assembleias de voto na sua posse com as actas na posse dos partidos, contestando o facto de as autoridades não indicarem sequer os dados relativos às assembleias de voto, que permitiram a contabilidade final.

O maior partido da oposição tem feito uma contagem paralela a partir das actas síntese recolhidas pelos seus delegados, "um processo sensível e complexo que se encontra agora na sua fase final", segundo Adalberto Costa Júnior.

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