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Opinião A opinião de...

Vivendo com minas terrestres em Angola

Vicente Kimbamba

Engenheiro Agrónomo e Mestre em Gestão Ambiental pela Pan African University. Pesquisador científico, consultor agrónomo e membro da APROFAGRO

Durante 27 anos Angola experenciou um trágico desenrolar de uma guerra civil entre a  União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Após o conflito, Angola deparou-se com enorme quantidade de minas enterradas que até aos dias actuais continuam fazendo vítimas mortais e impedindo regresso ao campo.

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Devido ao alto número de campos minados, a iniciativa Landmine and Cluster Munition Monitor encaixa Angola no grupo de países com classificação “grave” em relação às áreas minadas.

A par da Comissão Nacional de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) e o Instituto Nacional de Desminagem (INAD), existem três organizações não governamentais internacionais envolvidas na desminagem humanitária e na educação para o risco das minas: a Halo Trust, a Mine Advisory Group (MAG) e a Ajuda Popular da Noruega (APN).

Os Estados Unidos tem sido os maiores doadores para a remoção de minas humanitárias, fornecendo desde 1995 um total de USD $134 milhões em assistência.

Porém, Angola perdeu 90 por cento do financiamento para combater as minas. Tanto as dotações do Orçamento Geral do Estado como o financiamento internacional diminuíram, o que dificulta o cumprimento da meta estabelecida de libertar o país destes engenhos até 2025.

A presença de minas terrestres no território angolano além de causar vítimas mortais tem impedido o uso das terras para actividades agrícolas e o trabalho dos ambientalistas. Nosso País ainda sofre com a fome, grande parte da população vive em condições de pobreza relativa e para muitos dos cidadãos a agricultura é vista como alternativa para luta contra o desemprego. Entretanto, as minas terrestres, além de causar vítimas mortais tem sido um dos fatores que limita o crescimento do mundo rural. A caminho de duas décadas após o conflito interno, Angola ainda não se viu livre desses engenhos explosivos, mesmo sendo um dos maiores beneficiários de financiamento internacional para a remoção de minas terrestres.

A situação actual ainda é crítica, e os esforços aplicados para melhorar a condição actual ou a gestão dos valores cedidos pelos doadores nacionais e internacionais não foi tão eficiente quanto parece. 

 

 

 

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Vicente Kimbamba

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