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Saúde

Covid-19: novos casos continuam a descer em África, mas autoridades aconselham cautela

O director do África CDC destacou a descida de novos casos de covid-19 em três regiões africanas, mas mostrou-se cauteloso sobre a existência de uma tendência consolidada global de recuo da pandemia em África.

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"Nas últimas quatro semanas, mantém-se uma tendência de decréscimo de novos casos em três regiões: África Oriental (-15 por cento), África Ocidental (14 por cento) e África Austral (-11 por cento)", disse John Nkengasong.

O director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) falava, a partir de Adis Abeba, durante a conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia de covid-19 no continente.

"As tendências parecem estar a manter-se e a mensagem por detrás destes números é que as medidas de saúde pública (máscaras, aumento de testes, monitorização de contactos e aumento de medidas de higiene) estão a funcionar", sublinhou.

Assinalou, por outro lado, o aumento no número de novos casos no mesmo período na África Central (+56 por cento) e no norte de África (+14 por cento).

John Nkengasong ressalvou que, no caso da África Central, o expressivo aumento está sobretudo relacionado com a forma cumulativa como os casos são reportados ao África CDC.

Questionado pela agência Lusa sobre se é possível falar numa tendência consolidada de descida na globalidade do continente, o diretor do África CDC aconselhou prudência numa "leitura extrapolada" dos dados e alertou para os riscos de "ser demasiado otimista e descurar as medidas de saúde pública" no combate ao novo coronavírus.

"Num continente de 1,2 mil milhões de pessoas e 55 estados membros, se agregamos os dados temos uma tendência global de descida de novos casos entre 10 e 12 por cento nas últimas semanas. Mas temos de ser muito cautelosos nesta leitura e começar a olhar para os números por região e até por país", disse.

"Não podemos valorizar ou interpretar demasiado essa tendência porque se analisarmos as regiões, constatamos que há um aumento de 14 por cento no Norte de África muito por causa dos novos casos em Marrocos, Líbia e Tunísia", acrescentou.

Estes três países juntamente com a África do Sul e a Etiópia foram os que registaram maior aumento de novos casos de covid-19 na última semana.

"Temos de ser muito cautelosos para não exagerar alguns sucessos. Vimos essas tendências na Europa e nos Estados Unidos, os números estavam a descer e agora estamos a ver novamente aumentos significativos", apontou.

Insistiu, por isso, na necessidade de, à medida que o continente alivia as restrições e se começa a viajar mais, intensificar as medidas de saúde pública recomendadas pela Organização Mundial de Saúde(OMS).

O continente africano regista 1.429.360 casos acumulados de covid-19, 34.836 mortes e 1.175.353 doentes recuperados, que representam 5.4 por cento dos casos da doença em todo o mundo e 3.6 por cento das mortes.

Desde o início da pandemia, o continente tem mantido uma taxa média de 2.4 por cento de letalidade associada à doença e de 82 por cento de recuperação de infecções.

Cerca de 70 por cento dos casos registados no continente estão concentrados em apenas cinco país: África do Sul (47 por cento), Egipto (7 por cento) Marrocos (5 por cento), Etiópia (5 por cento) e Nigéria (4 por cento).

Angola (3,6 por cento) mantém-se entre os 10 países africanos com uma taxa de mortalidade superior à taxa média global de 3,1 por cento.

Durante a conferência, o director do CDC estabeleceu como objetivo aumentar para 20 milhões o número de testes à covid-19 no continente até final de outubro e anunciou um primeiro envio de 1.4 milhões de testes rápidos para 20 países.

"É uma meta realista e ambiciosa. Temos de atingir essa meta para nos anteciparmos à curva", disse.

Anunciou ainda o arranque, no terreno, de um estudo em larga escala na África do Sul, Gabão, Costa do Marfim, Nigéria e República Democrática do Congo para "avaliar a percepção e reacção das populações a uma eventual vacina" para a covid-19.

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