Num comunicado de imprensa, assinado pela bastonária, Elisa Gaspar, a ORMED solicita "imediata revisão do decreto Presidencial, que obriga o uso de máscara a indivíduos que transitem sozinhos em suas viaturas, uma vez que apesar de haver alguma controvérsia sobre o assunto, não existem evidências científicas suficientes para sustentar tal implementação massiva".
A ordem lembra que aquela classe de profissionais "perde mais um dos poucos médicos que tem e centenas de crianças perderam o seu médico e a oportunidade de seguimento por um profissional qualificado".
"A ORMED lamenta a profundamente a morte prematura deste profissional numa altura em que o país enfrenta uma pandemia que muito exige dos pouquíssimos profissionais no activo", lê-se no documento.
Sobre a polícia, a ordem condenou o seu comportamento "que, ignorando todos os factores atenuantes, prescindiu do seu papel pedagógico, levando para a esquadra um profissional devidamente identificado, visivelmente esgotado fisicamente por ter cumprido mais de 32 horas de trabalho seguidas, usando obrigatoriamente a máscara facial no seu local de trabalho, tendo por isso optado por ficar alguns minutos respirando ar puro enquanto se dirigia para a sua casa, sozinho, na sua própria viatura".
Depois de avaliar os factos, a ORMED considera pouco claras as circunstâncias em torno da detenção e morte do médico, "uma vez que são desencontrados os pronunciamentos da Polícia Nacional, o que surge uma zona cinzenta por esclarecer".
Segundo o documento, "uma simples observação do hábito externo do cadáver evidencia claramente um ferimento significativo, com abundante sangramento, o que geralmente não acontece com simples escoriações".
O Ministério do Interior na sua nota sobre o assunto alegou que o médico depois de ter sido conduzido a uma esquadra pela polícia, para o pagamento de uma multa, "minutos depois, apresentou sinais de fadiga e começou a desfalecer, tendo uma queda aparatosa, o que provocou ferimentos ligeiros na região da cabeça".
"A ORMED valoriza a idoneidade da Polícia Nacional e considera-a uma entidade respeitável e honesta, vocacionada para garantir a ordem, tranquilidade pública e a proteção dos cidadãos, contudo, solicita a quem de direito, uma nova investigação, independente, das circunstâncias em torno deste jovem médico de quem o país tanto esperava", exorta a nota.
O Ministério da Saúde apelou à calma da comunidade médica e expressou a sua "mais profunda consternação pelo passamento físico do doutor Sílvio Dala, director clínico do hospital materno-infantil de Ndalatando, destacado em missão de formação no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, na noite do dia 1 de Setembro, quando se encontrava sob custódia policial, em circunstâncias ainda não completamente esclarecidas".
O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) programou, para Sábado, uma marcha que vai encerrar um período de sete dias de luto, iniciado esta Segunda-feira, sobre a morte do médico Sílvio Dala.
Na sua mensagem este domingo, o Ministério da Saúde anunciou que se juntouà Procuradoria-Geral da República e ao Ministério do Interior, que instauraram um processo-crime para esclarecer as circunstâncias reais em que ocorreu o infausto acontecimento, assim como a respetiva responsabilização de eventuais prevaricadores.