Segundo a vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Luísa Damião, citada pelo Jornal de Angola, o seu partido tem um programa "bastante sólido" e a preocupação das autoridades foi manifestada com a presença do Presidente, João Lourenço, que em Maio passado avaliou a situação na região.
A líder do MPLA reconheceu que a seca severa, que afecta as populações da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando-Cubango, é preocupação das autoridades e a necessidade de desenvolver acções para inverter a situação com um "programa estrutural sério e não com promessas".
Na Segunda-feira, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, acusou o Governo de não querer uma Angola "igual para todos" e disse que os problemas locais devem ser resolvidos a nível local.
No discurso de abertura das VIII jornadas parlamentares do seu partido, o presidente do maior partido da oposição focou-se na descentralização e nos benefícios do poder local, mas também no combate à corrupção, apelando ao papel vigilante da Assembleia Nacional.
O dirigente destacou que as províncias do sul (Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango) contam com quase cinco milhões de habitantes, o que corresponde a cerca de 17 por cento do total do país, mas beneficia de menos de 3 por cento das despesas executadas no Orçamento do Estado, acusando o Governo de "excluir" o Sul das suas prioridades.
"Isso deixa-nos a impressão de que o Governo não conhece a dimensão real dos problemas, não trata os angolanos todos como iguais, é insensível à dignidade humana ou é incompetente e não quer uma Angola igual para todos", criticou.
Para Samakuva, uma das razões que explica esta "distribuição iníqua" da riqueza é a centralização do poder em Luanda, pelo que as "pessoas devem ter autonomia para receber do Estado os recursos necessários e escolherem, elas próprias as soluções que acharem mais adequadas para os problemas locais".
Entre estes estão a fome e a seca, problemas que devem ser resolvidos "com a autonomia local das populações que constituem as autarquias locais", defendeu, considerando que haveria vantagens em ser a administração autárquica do sul de Angola a facilitar relações entre os empresários e cooperativas angolanas e os mercados da Namíbia e África do Sul.
Em Abril, o Conselho de Ministros aprovou um pacote financeiro de 200 milhões de dólares para solucionar problemas estruturantes ligados aos efeitos destrutivos da seca no sul.