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Defesa

Luanda: pedida libertação de activistas detidos por “excesso de prisão preventiva”

O advogado dos 15 activistas angolanos detidos desde Junho em Luanda, por suspeita de prepararem um golpe de Estado, apresentou hoje um requerimento a solicitar a libertação destes jovens, alegando "excesso de prisão preventiva".

Ana Brigida/RA:

A informação foi prestada à Lusa pelo advogado Walter Tondela, confirmando que deu entrada com esse requerimento junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana por estar esgotado o prazo máximo de 90 dias de prisão preventiva sem que se conheça um despacho de acusação dos crimes atribuídos a estes jovens.

"O prazo esgotou-se no domingo [20 Setembro], hoje é o primeiro dia útil e não fomos ainda notificados [da acusação]. Requeremos a liberdade provisória dos nossos consulentes, mediante o pagamento de uma caução ou termo de identidade e residência", explicou o advogado, que defende 12 destes activistas.

De acordo com informação anterior enviada à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo de 15 jovens - detidos desde 20 de Junho - estaria a preparar, em Luanda, um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado.

Incorrem na prática de um crime contra a segurança do Estado, mas sem qualquer despacho de acusação, findo o prazo legal, o advogado afirma tratar-se de uma situação de "excesso de prisão preventiva".

Este caso tem sido fortemente condenado pela comunidade e organizações internacionais, que classificam estes jovens como presos políticos.

O Tribunal Supremo de Angola indeferiu na quarta-feira um outro requerimento, na forma de 'habeas corpus', pedindo a libertação imediata destes elementos por alegadas ilegalidades na detenção, igualmente apresentado pelo advogado Walter Tondela.

"Também demos entrada hoje com o recurso dessa decisão para o Tribunal Constitucional", esclareceu o advogado.

"Se são actos preparatórios, como dizem [comunicado da PGR], seria possível, está previsto, que fossem restituídos à liberdade enquanto decorre a investigação", insiste.

Os activistas, estudantes e licenciados, foram distribuídos por estabelecimentos prisionais em Viana (4), Calomboloca (7) e Caquila (4), na região de Luanda, e ainda não têm qualquer acusação formada.

Segundo o advogado, cinco destes jovens foram entretanto transportados para uma prisão-enfermaria de Luanda, para receberem assistência médica.

Associados ao designado Movimento Revolucionário, estes jovens alegam que se encontravam regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com acções de formação, como a que decorria na altura de detenção.

A propósito deste caso, o Presidente angolano e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, afirmou em Julho que "não se deve permitir" que o povo "seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de Maio de 1977", aludindo à morte de milhares de pessoas numa alegada tentativa de golpe de Estado.

"Quem quer alcançar o cargo de Presidente da República e formar Governo, que crie, se não tiver, o seu partido político, nos termos da Constituição e da Lei, e se candidate às eleições. Quem escolhe a via da força para tomar o poder ou usa meios para tal anticonstitucionais não é democrata. É tirano ou ditador", acusou José Eduardo dos Santos.

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