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Ida às urnas marcada por um novo ciclo de crescimento económico

A economia de Angola saiu da recessão no ano passado, o desemprego desceu no segundo trimestre para 30,2 por cento, a inflação está a descer e a valorização do kwanza fez a dívida pública cair significativamente.

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"Em contraste com a maioria dos outros países, a inflação em Angola está numa trajectória descendente, principalmente devido ao fortalecimento da moeda local durante o último ano, o que aliviou o custo dos bens importados", dizem os analistas da Oxford Economics Africa num comentário à evolução dos preços neste país que realiza eleições presidenciais na próxima semana.

"Alicerçado na subida das receitas do petróleo, o kwanza fortaleceu-se para cerca de 430 kwanzas por dólar, o que é quase 50 por cento melhor do que o valor registado há 12 meses", acrescentam os analistas na nota enviada à Lusa, na qual salientam que a decisão de cortar o IVA de alguns produtos dá um ânimo adicional aos consumidores e aos cerca de 14 milhões de eleitores que na próxima semana escolherão o futuro Presidente nos próximos cinco anos.

A descida da inflação, para uma média de 22,4 por cento este ano prevista por esta consultora, alinha com uma série de indicadores económicos positivos para Angola, que conseguiu sobreviver à queda dos preços do petróleo, ainda antes da pandemia de covid-19, e ao impacto da guerra na Ucrânia que, para este país produtor de crude, teve um efeito muito positivo nas contas públicas devido à forte subida dos preços do petróleo a nível mundial.

O crescimento previsto, que acontece depois de cinco anos de recessão, não deverá ser suficiente para anular as perdas dos últimos anos, e é também insuficiente para criar riqueza no país, já que o crescimento da população suplanta o crescimento da economia.

Vários relatórios dos analistas apontam, aliás, Angola como o principal beneficiado da subida dos preços, fazendo com que a produção, apesar de ser a maior da África subsaariana e mesmo abaixo da média de meados da década passada, tenha tido um efeito enorme nos cofres do Estado.

A produção, no primeiro semestre, subiu apenas 3,3 por cento, mas as receitas nos primeiros seis meses do ano dispararam mais de 70 por cento, para chegarem quase aos 100 mil milhões de euros, de acordo com as contas da consultora Oxford Economics Africa.

A valorização do kwanza, que esteve em queda livre no seguimento da liberalização parcial do final da década passada, sustentou a significativa mudança de posição na dívida pública, cujo rácio face ao Produto Interno Bruto caiu para cerca de metade, rondando agora os 60 por cento, muito abaixo dos mais de 100 por cento que registava no ano passado, quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha em curso um dos mais avultados programas de ajuda financeira em África, no valor de 4,5 mil milhões de dólares (entre 2019 e 2021) que Angola cumpriu de forma considerada exemplar pela maioria dos analistas.

A mudança de perspectiva por parte dos investidores internacionais reflectiu-se também no regresso aos mercados financeiros este ano, pela primeira vez desde a pandemia, e na preparação de emissões de 'dívida verde' no final do ano.

"As melhorias no 'rating' atribuído pela Fitch e da Standard & Poor's (S&P), bem como a emissão de 1,75 mil milhões de dólares em Abril, cuja procura foi o dobro da oferta, é um testemunho da melhoria da confiança dos investidores na evolução da dívida angolana", comentaram os analistas da Oxford Economics em Junho, simbolizando a opinião generalizada sobre a economia, que deverá crescer mais de dois por cento este ano.

Mais de 14 milhões de angolanos, incluindo residentes no estrangeiro, estão habilitados a votar a 24 de Agosto, na que será a quinta eleição da história de Angola.

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