"As perspectivas económicas de Angola continuam fracas, com a recessão de três anos a continuar até 2020", lê-se numa análise à economia e política nacional, em que se refere que a produção de petróleo caiu quase 10 por cento no ano passado e que a atracção de investimento externo continua difícil.
De acordo com o relatório, que não detalha a previsão de crescimento económico negativo para este e o próximo ano, "apesar da introdução de numerosos incentivos fiscais, tem sido difícil atrair investimento internacional para os seus recursos petrolíferos nas águas ultraprofundas, onde o preço de 'break-even' é mais elevado".
O documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, prevê uma inflação de 17,8 por cento para este ano "devido ao enfraquecimento do kwanza e às descidas das taxas de juro" e afirma que "as medidas para combater a inflação vão ser prejudicadas pela dinâmica cambial, combinada com o corte de Julho aos subsídios da electricidade".
Os últimos dados disponíveis sobre o andamento da economia registam uma recessão de 1,2 por cento no ano passado, segundo a revisão feita pelo Instituto Nacional de Estatística no final de Julho, que melhorou a previsão de crescimento negativo, de 1,7 por cento, para 1,2 por cento do PIB.
De acordo com o documento sobre as Contas Nacionais Trimestrais relativas aos primeiros três meses deste ano, a economia teve crescimentos negativos de 2,5 por cento de Janeiro a Março de 2018, de 3,8 por cento no segundo trimestre, de 1,3 por cento no terceiro trimestre e entrou em território positivo nos últimos três meses do ano, quando registou uma expansão económica de 2,6 por cento.
Nos primeiros três meses deste ano, a economia voltou a 'entrar no vermelho', registando uma contracção da actividade económica que o INE estima ter sido de 0,4 por cento, o que terá levado o executivo a rever, logo em Abril, a perspectiva de crescimento, de 3,2 por cento, para 0,4 por cento no conjunto de 2019.
A nível político, a EIU prevê que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) vença as eleições do próximo ano, "mantendo o seu domínio nas urnas devido ao forte controlo do aparelho de Estado e tendo a vantagem de estar no poder a nível nacional".
O Presidente, prevê a unidade de análise económica da revista britânica The Economist, "vai tentar manter aquilo que considera ser a sua posição de líder regional, consolidando as ligações económicas e de comércio, continuando a assinar acordos com os seus vizinhos, mas o sentimento proteccionista e os gargalos logísticos vão continuar, dificultando o crescimento potencial a médio termo".
As decisões políticas vão continuar a ser determinadas pelos esforços para aumentar o sector privado na economia, diversificando a economia e aumentando os fluxos de investimento, mas estes esforços vão ser constrangidos pelo ambiente operacional, que ainda é desafiante", dizem os analistas, concluindo que mesmo o programa de privatizações recentemente anunciado vai enfrentar dificuldades não só pelas "dificuldades logísticas", como pela relativa insipiência do sector financeiro.