Dados do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, a que a agência Lusa teve acesso, referem que nos anteriores dois anos e meio (2017, 2018 e primeiro semestre de 2019) ocorreram 70 acidentes, que vitimaram 156 pessoas, das quais 87 crianças (21 perderam a vida), 20 mulheres e 49 homens.
Nos últimos anos, por causa da situação financeira, houve um acentuado abrandamento das acções de educação sobre o risco de minas e outros engenhos explosivos remanescentes de guerra, reconhece o órgão ministerial.
O programa tem como objectivo reduzir o número de acidentes com minas e outros engenhos explosivos remanescentes de guerra em todo o país, elevar a consciência e promover atitudes de prevenção e segurança em grupos considerados não vulneráveis, bem como contribuir para o cumprimento da Convenção de Otawa.
O executivo e os seus parceiros, em 17 anos, investiram elevados recursos na desminagem, o que permitiu que, das 3293 áreas confirmadas e suspeitas de minas, registadas logo após o final da guerra, 2090 fossem limpas.
Estas intervenções possibilitaram a construção e a reconstrução de várias infra-estruturas de apoio económico e social, com destaque para escolas, hospitais, barragens, portos e aeroportos.
No mesmo período, foram igualmente desminados 3218 quilómetros de extensão de caminho-de-ferro, 108.925 quilómetros de estradas, 10.005 quilómetros de fibra óptica, 9068 quilómetros de linhas de transporte de energia eléctrica, 1336 quilómetros de condutas de água e canais de irrigação, o que permitiu repor a circulação de pessoas e bens e a reconstrução do país.
O ministério, contudo, sublinhou ainda existem muitos objectos explosivos não detonados espalhados pelo país, que vitima muitos cidadãos, essencialmente crianças.
De acordo com informação do Governo, grande parte das vítimas resultou de acidentes, a maioria obedecendo ao mesmo padrão, ou seja, a explosão de engenhos recolhidos em campos e transportados para as comunidades, onde ocorrem os rebentamentos.
Tudo “comportamentos que pressupõem um desconhecimento acentuado sobre os riscos aos quais a vítimas se expõem”, frisou o órgão governamental.
O documento do ministério destacou ainda a alteração geracional (2002-2019), pois "a maior parte das vítimas mais jovens não era nascida por altura do conflito", pressupondo que seja uma realidade desconhecida para muitas das atingidas pelo flagelo.
Angola é signatária da Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transferência de Minas Antipessoal e sobre a sua destruição (Convenção de Otawa) e está entre os 12 países mais minados do mundo, com um território de 147,6 quilómetros quadrados por desminar.