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Opinião A opinião de...

Os benefícios do Investimento Directo Estrangeiro para impulsionar o crescimento económico

Paulo da Conceição Carvalho

Mestre em Administração de Empresas, especialização em Liderança e Sustentabilidade, e Mestre em Ciências das Finanças

A Moodys, uma das maiores firmas globais independentes de mercados de capitais, que elabora pesquisas sobre a classificação de créditos, colocando à disposição ferramentas e análises que contribuem com dados transparentes relacionados aos mercados integrados financeiros dos países, realizou um estudo sobre “ Credito Soberano Global”, cuja previsão assegura, que em 2015 a Africa Subsariana poderia ser negativamente afectada pelo abrandamento da economia Chinesa por causa da deterioração do preço das matérias primas, que contribuem significativamente para o crescimento económico dos países africanos em termos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

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Neste contexto, Angola, na condição de um dos principais receptores do investimento Chinês se torna vulnerável a tais oscilações. A economista e pesquisadora Monica Vargas Murgui, revelou em 2014, que dentre os influxos de (IDE) destinados à Angola, a China se tornou o maior investidor de (IDE), tendo concedido vários e o maior volume de empréstimos. (A exemplo da linha de crédito de $15 mil milhões desde 2004), com garantias de exclusividade na compra de metade da produção petrolífera nacional.

O IDE (Investimento Directo Estrangeiro) é definido como “...um investimento envolvendo uma relação de longo prazo que reflecte um interesse duradouro de controlo e de certo modo, grau de influência do investidor sobre a gestão da empresa, por uma entidade residente numa determinada economia (Investidor Directo Estrangeiro ou empresa anfitriã), numa empresa registada numa economia diferente daquela do Investidor Directo Estrangeiro (empresa de IDE ou empresa sucursal ou filiada estrangeira) ”.

Por conseguinte, o IDE, traz não apenas influxos estáveis de capital mas também traz consigo know-how tecnológico, transferência de tecnologia, empregos de alta renda, capacidade empresarial e profissional, novas oportunidades de exportação, e uma panóplia de capacidades administrativas e inovação, para o país receptor. Por outras palavras, implica que, o objectivo do IDE é gerar altos lucros, e para que tal aconteça; é necessária a existência de um ambiente de negócios favorável no país receptor, para que o IDE possa materializar-se e ser rentável para os investidores do projecto estrangeiro concebido.

Constato que é comum, os investidores fazerem recurso dos indicadores globais para estudarem as oportunidades de IDE num país identificado, focando-se em três factores: ambiente de negócios, corrupção e competitividade. Com base na definição de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UNSD), os indicadores utilizados para examinar o impacto do IDE são: PIB, desenvolvimento de infra-estruturas, corrupção, desemprego, pobreza e taxa de desigualdade, entre outros.

Com vista a estabelecer um interesse permanente num controlo efectivo da gestão sobre uma empresa em outro país, é exigida uma percentagem mínima de 10% de propriedade ou de poder de voto para ser considerado como IDE, contudo, na prática muitos países receptores fixam limites mais elevados e deste modo, resguardam o controlo da gestão.

Angola, com a diversidade dos seus recursos naturais, e o crescimento robusto do Produto Interno Bruto (PIB), foi o segundo maior receptor de Investimento Directo Estrangeiro em África no período de 2000 a 2014, apresentando níveis de investimento sólidos, que atingiram os USD 15.7 mil milhões em 2012 segundo afirma o relatório do Banco Mundial, acima dos USD 15.1 mil milhões, ao contrário do previsto para até 2014, pelos economistas Muzima e Mazivila.dois estudiosos da economia angolana.

O volume de recursos em petróleo, gás e diamantes existentes, tornaram o país num “el dorado” para os IDE’s e trouxe crescimento económico à Angola, criando deste modo oportunidades de negócio, mobilidade ascendente, e melhoria do padrão de vida. Adicionalmente, o IDE facilitou o rápido processo de reconstrução de infra-estruturas, assim como a abertura do Mercado. Para exemplificar, o envolvimento da China permitiu a rápida reconstrução de infra-estruturas sociais, assegurou a alocação de USD 2 mil milhões para diversos sectores como energia, água, saúde, educação e produtivo, que serviram para a realização de projectos. Por outro lado, a taxa de crescimento médio do PIB foi de 10.72% no período compreendido entre 2000 à 2013, porém em 2014, observou-se um abrandamento do crescimento do PIB resultante da crise financeira estrutural, agravada pela crise financeira mundial.

Todavia, compreendo que o IDE por si só não será bastante para conduzir Angola ao desenvolvimento sócio-económico, ainda que, a despeito da economia angolana tenha experimentado um período de transformação significativa nos últimos anos.

O crescimento económico de Angola ficou sob os holofotes das maiores economias durante alguns anos, pois se havia tornado a economia que mais rapidamente crescia em África e no Mundo. Este crescimento foi particularmente resultante da produção do sector petrolífero, responsável por 80% das receitas fiscais do estado, representando 98% da exportação e a principal fonte de captação do IDE. No entanto, a economia continua sujeita a choques fiscais, fomentados pela deteriorização da baixa de preço da principal matéria prima de exportação do país, uma vez que a receita fiscal ainda esta concentrada no petróleo. O abrandamento da economia do pais investidor afecta directamente á economia angolana; aqui, tomemos como o exemplo a China. O que significa que a economia se mantém vulnerável aos choques externos.

Com vista a ultrapassar esta situação tende-se a uma maior diversificação da economia para se libertar da dependência extrema do petróleo, que, sublinho, ainda é a única fonte que mais financia a economia angolana.

Neste contexto da desaceleração económica de Angola, da actual crise financeira, e da alta dependência das exportações de petróleo à China, EUA e Europa, que tem representado um obstáculo para o desenvolvimento sustentável. Impõe-se portanto, fazer emergir a cultura de uma exploração mais acentuada de outros produtos e serviços financeiros, na medida em que se encontram em jogo, desafios competitivos. As análises sugerem o aumento de influxos de IDE´s na ordem dos 15% para relançar o crescimento económico, consequentemente amenizar a situação económica actual. Segundo o Banco Mundial, para cada emprego directo criado pelos IDE´s estima - se que aproximadamente 1.6% de outros empregos são indirectamente criados.

Assim sendo, urge á necessidade, de criação de reformas estruturais para captação do Investimento Directo Estrangeiro que ajudariam a compensar os desequilíbrios da economia angolana. Tais reformas resultariam em resolução da escassez de divisas, diversificação as fontes de influxo de capitais, no aumento do know-how tecnológico, na transferência de tecnologia, na criação e manutenção de empregos de remuneração elevada, capacidade empresarial e profissional de qualidade reconhecida, novas oportunidades de exportação de produtos resultantes da economia diversificada, e uma panóplia de competências administrativas e de inovação.

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