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A importância da electrificação de Angola

Lourenço Lopes

Doutorando em Planejamento Energético pela Universidade de São Paulo. Mestre em Energia e Sustentabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduado em Engenharia de Energias pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira e desenvolvedor de práticas de laboratórios de energias renováveis, com predominância a solar e eólica. Faz parte do grupo de pesquisas em Energia e Sustentabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, actuando na área de políticas energéticas.

Hoje em dia é difícil ou praticamente impossível viver sem energia. Precisamos dela para realizar quase tudo, desde as mais simples actividades; como engomar uma roupa, às mais complexas; como a pasteurização da água, por exemplo. Na maioria dos casos, o acesso a esse bem tão precioso e necessário para a sobrevivência humana, é transportada por meio de um processo chamado electrificação.

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A electrificação refere-se à provisão de infra-estrutura para o fornecimento de electricidade. Angola é um país, que apresenta um território muito vasto, com excelentes recursos, desde o petróleo, gás natural e Diamante. Além desses recursos, o país ainda dispõe de um dos mais abundantes recursos hidroeléctricos do continente africano. Ademais, Angola possui também um potencial de radiação solar para aproveitamento fotovoltaico em grande escala, em quase todo o território nacional e um recurso eólico abundante, quase sobre a mesma proporção.

Tratar da eletrificação é uma responsabilidade social muito grande. Infelizmente, estudos feitos por pesquisadores e académicos angolanos, incluindo por mim, constatam a triste realidade: 65 por cento da população continua a viver sem electricidade. A verdade é que a maior parte da população angolana mora em zonas rurais, sem acesso a estradas e eletricidade. Essa população precisa de se deslocar a pé em grandes distâncias para conseguir lenha ou carvão como fonte de geração de electricidade, propiciando-se com isso, o analfabetismo; afinal, são os adolescentes e mulheres que passam pelo menos entre 4 a 6 horas por dia, todos os dias, procurando pela matéria-prima, quando deviam aproveitar esse tempo para o aprendizado ou para a realização de uma actividade útil.

A electrificação torna-se um assunto de extrema importância para Angola, porque o país tem procurado realizar saltos quânticos, rumo ao desenvolvimento social e económico, e tem almejado o interesse do sector privado para o investimento das futuras energias renováveis. Tal não seria possível, sem que, no entanto, houvesse uma estrutura capaz de levar a electricidade as casas dos consumidores.

Outrossim, a electrificação daria uma melhoria na qualidade de vida das pessoas. Angola tem umas das taxas demográficas mais altas do planeta, é preciso que o crescimento populacional seja proporcional a oferta de energia.

Não é errado admitir que não conseguiremos alcançar a tão sonhada reconstrução nacional, sem que primeiro, invistamos na electrificação.

Uma acção para o aumento da electrificação, reduziria a migração do campo para as cidades, além de intensificar as actividades rurais nas regiões mais necessitadas ou mais produtivas do país; gerando mais riquezas. Com a electrificação, as pessoas que trabalham de dia, podem aproveitar para estudar a noite, reduzindo assim o nível de analfabetismo, porque com a luz, podemos estudar a noite e as pessoas mais velhas também ganham a oportunidade de colocar o dedo na caneta e sentarem-se numa carteira.

Em vista de tudo isso, é necessário um esforço e um compromisso muito sério por parte de entidades competentes, de formas a se criar novas legislações para o sector eléctrico, com vistas a tornar a electrificação ,uma meta primordial a ser alcançada nos próximos anos, e, não apenas uma conversa; afinal, a electricidade é um direito de primeira instância, não pode esperar.

Opinião de
Lourenço Lopes

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