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Unitel nega existência de dívida reclamada por Isabel dos Santos mas admite dividendos por pagar

A Unitel negou esta Quinta-feira a existência de uma suposta dívida para com a Vidatel, de Isabel dos Santos, que acusa a operadora de telecomunicações de não ter devolvido um empréstimo que obteve junto da empresa em 2016, mas reconhece ter dividendos por pagar.

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"Inexiste qualquer contrato de suprimentos da accionista Vidatel com a Unitel", refere a empresa de telecomunicações num comunicado enviado à Lusa, negando que a empresa de Isabel dos Santos tenha garantido um empréstimo à sociedade.

O documento surge depois de, na Segunda-feira, a empresária ter garantido que a Unitel SA "tem dívidas para com a Vidatel Ltd cuja existência se deve a razões unicamente imputáveis" à operadora de telecomunicações.

Em causa estará, alega, a falta de reembolso, em 2016, do empréstimo que a Unitel obteve junto da Vidatel, uma dívida que "está devidamente registada nas contas auditadas da Unitel, certificadas por auditor externo, e reconhecidas e aprovadas pela Assembleia Geral dos accionistas durante vários anos".

A Vidatel acrescenta que "irá ao abrigo da Lei e do acordo parassocial celebrado entre os vários accionistas da Unitel, efectuar esta clarificação" junto da própria operadora.

No entanto, no comunicado da Unitel, a empresa rejeita "qualquer contrato de suprimentos da accionista Vidatel" e assinala que o relatório de gestão e as contas relativas ao exercício económico de 2019 "foram auditadas e aprovadas em assembleia-geral realizada no passado dia 27 de Julho de 2020".

A Unitel reconhece, no entanto, ter dividendos a pagar aos accionistas, entre os quais a Vidatel, mas refere que os motivos para a não transferências desses montantes lhe são alheios.

"Conforme devidamente registado" nas contas aprovadas esta semana, a empresa tinha, à data de 31 de Dezembro de 2019, "um saldo de dividendos e juros associados a pagar a acionistas no montante total de 622.908 milhões de kwanzas, dos quais à accionista Vidatel tem a pagar 89.164.341.798 kwanzas", indica a empresa.

A nota refere ainda que "as razões para a não transferência dos referidos dividendos e juros à Vidatel são alheias à Unitel", recordando também as restrições decorrentes da ordem de arresto presente num despacho-sentença emitido pelo tribunal provincial de Luanda em Dezembro de 2019.

O Conselho de Administração da Unitel, que iniciou funções em Maio de 2019, diz que "tem trabalhado para assegurar que os acionistas sejam tratados de forma igual perante a lei" e que "tem prestado toda a informação relevante aos seus accionistas".

A Unitel acrescenta ainda que nas contas aprovadas dia 27 de Julho registou que tem um "valor a receber equivalente a 405 milhões de dólares da Unitel Internacional Holdings BV., sociedade sem participação da Unitel e detida pela engenheira Isabel dos Santos".

Segundo a empresa, este valor diz respeito a "empréstimos concedidos pela Unitel nos anos de 2012 e 2013". "Tais valores ainda não foram quitados e o actual Conselho de Administração da Unitel tem actuado de forma a buscar o devido pagamento dos juros e principal de tais contratos", sublinha a nota.

A Unitel era, até janeiro deste ano, controlada por quatro accionistas, cada um dos quais com 25 por cento: a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a petrolífera estatal Sonangol, a Vidatel (de Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento).

A Sonangol procedeu a 26 de Janeiro à compra integral da PT Ventures, por mil milhões de dólares, tornando-se a maior accionista da operadora.

Em Dezembro do ano passado Luanda, o tribunal de Luanda decretou o arresto preventivo de contas e participações sociais de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo, e do seu gestor Mário Filipe Moreira Leite da Silva, ex-presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento de Angola (BFA).

Entre as empresas que foram alvo de arresto das participações inclui-se a Unitel.

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