Segundo o relatório mensal do INE sobre o comportamento da inflação, ao qual a Lusa teve acesso, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) do último mês contrasta com os 1,27 por cento de Maio, 1,22 por cento em Abril e 1,44 por cento em Março.
Estes registos comparam ainda com o pico mais recente, de 2017, entre Setembro e Outubro, período em que os preços no país aumentaram 2,39 por cento, logo após as eleições gerais de Agosto.
O pico da inflação mensal nos últimos anos registou-se em Julho de 2016 quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4 por cento.
A inflação acumulada a 12 meses já tinha descido em Maio, para 19,84 por cento, depois dos 20,22 por cento de Abril.
Em Junho, o acumulado desceu para 19,52 por cento, valor apenas superior ao 18,26 por cento de Fevereiro de 2016.
Segundo o INE, a subida de preços no passado mês de Junho foi influenciada sobretudo pelos sectores “Vestuário e Calçado” com 1,99 por cento, “Saúde” com 1,60 por cento, “Bens e Serviços Diversos” com 1,56 por cento e pelo “Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção” com 1,38 por cento.
Os aumentos de preços foi liderado pelas províncias de Malanje (2,63 por cento), Bengo (2,38 por cento), Moxico (1,92 por cento) e Cunene (1,77 porc ento), enquanto as com menor variação foram a Lunda Sul (0,77 por cento), Namibe (0,86 por cento), Cuando Cubango (0,86 por cento) e Cabinda (1 por cento).
Desde Setembro de 2014 que a inflação não pára de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.
O Governo prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada de 28,7 por cento (entre Janeiro e Dezembro), mas a previsão é abalada depois de, nos dois últimos anos, ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos devido à crise. A concretizar-se, este será o segundo valor anual da inflação mais alto desde 2004.
A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais.
Nos primeiros três meses deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 37 por cento face ao euro, o que poderá agravar os custos de importação do país.
Entre Janeiro e Dezembro de 2016 os preços subiram praticamente 42 por cento, segundo os relatórios anteriores do INE sobre o IPCN.
Em 2017 a subida acumulada nos preços foi 23,67 por cento, registo muito superior à previsão de 15,8 por cento para o período entre Janeiro e Dezembro que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado.