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Manuel Lelo: “É o sonho de qualquer atleta do mundo estar neste evento e eu estarei lá”

Com apenas 28 anos, Manuel Lelo é uma força da natureza. Cresceu em Luanda, na ilha, a ver os barcos de perto. O Clube Naval de Luanda cedo se tornou uma segunda casa. Desde 2011 que a qualificação olímpica era uma ambição. Até ao penúltimo dia Manuel era um dos seleccionados, depois, o sonho caiu por terra por um ponto. Valeram-lhe contudo o empenho, a perseverança e o espírito de sacrifício, que não passaram despercebidos à organização internacional de vela. Um convite especial trouxe-o “de volta ao jogo” e garantiu-lhe uma passagem para o Rio2016. Estreante, garante empenho máximo com as cores de Angola ao peito e promete mesmo “lutar para trazer uma medalha olímpica”. Não esperávamos outra coisa…

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Quem é o Manuel Lelo? Onde nasceu, onde cresceu…

Manuel Caiengue Lelo é um jovem de 28 anos de idade, nascido a 18 de Agosto de 1987. Filho de Caiengue Lelo e de Esperança André Ngunza. Nasci e cresci na Ilha de Luanda.

Sou desportista de Vela no Clube Naval de Luanda desde 1998. Atleta na categoria Laser Standard, campeão nacional e atleta Olímpico 2016.

A vela é uma paixão antiga que se mantem acesa até aos dias de hoje?

Apesar dos novos horizontes criados pela vida, a vela ainda continua e vai  continuar a correr nas minhas veias.

Os barcos são a sua única ocupação ou há outra profissão na sua vida?

Além da vela, isto é além de ser atleta, dou treinos aos mais novos no Clube Naval de Luanda,  e estou a estudar e a finalizar o curso de Formação de Professores, na Universidade Independente de Angola.

É possível viver unicamente do desporto em Angola? Tem apoios?

Infelizmente o nosso país não apresenta condições para que as pessoas do desporto possam viver dele, e isso faz com que o atleta ou o treinador procurem outro meio para garantir o seu sustento e muitas vezes acabam a desligar-se da sua paixão desportiva. Tenho tido apoio, do meu Clube Naval de Luanda, que tem feito um esforço muito grande até hoje para chegar aonde cheguei no desporto, infelizmente tem sido o único até agora que nos tem apoiado.

Pode explicar-nos a que modalidade de vela é que se dedica?

A minha categoria é Laser Standard, uma categoria sénior e estou nela desde os meus 19 anos, uma categoria individual e muito exigente fisicamente.

Qual a sua rotina de treinos? Exige um esforço muito grande da sua parte?

Treino de Segunda a Sexta-feira, tendo dois dias de ginásio e os restantes são reservados para o treino de mar que é o principal, e tanto um quanto o outro exigem muito esforço, principalmente o treino do mar que exige muito esforço físico e mental.

Conte-nos como foi o processo da muito desejada qualificação para os Jogos Olímpicos. É verdade que recebeu um convite especial?

O processo da qualificação olímpica foi um processo que começou em 2011, numa iniciativa do Clube Naval de Luanda, que durante quatro anos teve que financiar as viagens/estágios  e as competições, o que não foi fácil, acabando por exigir um maior esforço da minha parte. Tanto é que para chegar até ao desejado sonho olímpico tinha que me esforçar, na realidade estes quatro anos de preparação serviram para a fase de apuramento que decorreu na Argélia, aonde estava prestes a alcançar o  grande sonho, uma vez que até ao penúltimo dia estava entre os seleccionados, mas acabei por perder a posição por um ponto.

No entanto, acabei por ser surpreendido com o convite feito por parte da organização internacional de vela, fruto do desempenho durante o campeonato, colocando-me de volta ao jogo, o que já não era esperado por mim.

Como se sente ao ter esta oportunidade? É uma num milhão, como se costuma dizer?

Neste momento sinto me muito feliz em saber que estarei a representar o meu país no maior evento desportivo a nível internacional. Já estive em várias provas internacionais e acredito que a sensação de estar nos Jogos Olímpicos é muito diferente, penso que é uma coisa única é o sonho de qualquer atleta do mundo estar neste evento e eu estarei lá.

Quais são as expectativas para o Rio 2016? Vai trazer uma medalha para Angola?

Em relação às minhas expectativas para este campeonato, pretendo  melhorar os meus resultados e lutar para trazer uma medalha olímpica.

Estes serão os seus primeiros Jogos Olímpicos. O que é que significa para si representar o nosso país num evento desta escala?

Este será o meu primeiro campeonato olímpico e para mim isso representa o reconhecimento do esforço que se fez durante este tempo todo e um nível de exigência e responsabilidade muito grande ao saber que estarei a levar o nome da nação.

A comitiva angolana de desportos náuticos tem hipóteses nas medalhas? Quem destaca?

Uma vez que todos se estão a preparar com o objectivo de conquistar uma medalha, acredito que neste momento todos são candidatos a conquistar uma medalha, o que vai determinar esse feito será como vamos encarar a competição no momento, este será o grande desafio de todo e qualquer atleta na competição.     

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