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Paulo Sá Silva: “Em Angola estou em casa e sempre senti o público a vibrar comigo”

Influenciado pela família, também ela apaixonada pelo desporto motorizado, o piloto angolano arrancou para Portugal com um objectivo: ser o primeiro piloto de desporto automóvel a conseguir ser campeão em Angola e num país europeu. E conseguiu. Aos 33 anos, Paulo Sá Silva, entre Portugal e Angola, já subiu ao pódio mais de 30 vezes. O campeão, que admite sentir-se em casa em Angola, onde sempre contou com o apoio do público, está actualmente envolvido num projecto na África do Sul que, se correr como planeado, promete ser um passo enorme para o desporto motorizado africano.

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Fale-me um pouco de si... Que idade tem, onde nasceu e cresceu, como foi a sua infância...

Nasci em Janeiro de 1983, na bela cidade de Benguela. Mas infelizmente, cedo mudei-me para Luanda onde vivi até aos 10 anos. Depois estive em Portugal até aos meus 25 anos. Em 2008 regressei a Angola para viver e trabalhar em Luanda.

Como surgiu o gosto pela velocidade? Foi influenciado por algum familiar?

Sem qualquer dúvida que foi influência de família. O meu pai sempre foi um grande apaixonado pelos automóveis, assim como o meu avô paterno e o meu tio. Portanto, não tinha como escapar a essa influência. Está no meu ADN.

Em 2009 participou no campeonato angolano e sagrou-se campeão, mas só em 2014 regressou aos campeonatos de velocidade. Porquê esta paragem de cinco anos?

Apesar de me empenhar sempre como um profissional, e foi por isso que fui campeão, o desporto motorizado nunca pôde ser uma prioridade na minha vida. Na altura, tive de afastar-me porque precisava de me focar mais no trabalho, que estava a fazer com o meu pai.

No seu regresso, decidiu apostar nos campeonatos fora do país. Por que razão escolheu Portugal para competir?

Já tinha sido campeão em Angola e obtive mais de 75 por cento de vitórias, nas 21 corridas que cá fiz. Achei que precisava de um novo desafio, e queria alcançar algo de inédito: ser o primeiro piloto de desporto automóvel a conseguir ser campeão em Angola, e campeão num país europeu. Portugal é um país irmão, onde tenho amigos, e com bons campeonatos de desporto motorizado. Por isso, achei que era o melhor sítio para tentar alcançar este feito, que felizmente acabei por conseguir.

Prefere as competições em Portugal ou no nosso país?

Angola é a minha nação! É aqui que estou em casa. Mas também gosto muito de Portugal. Contudo, temos de reconhecer que as condições para a prática do desporto motorizado, em Portugal, são bastante melhores, e os campeonatos são mais competitivos. Mas em Angola fui mais feliz. A minha equipa era eu, o meu pai e o meu padrinho "Santos Peras". Uma verdadeira família! Conseguimos resultados extraordinários, apesar de todas as limitações.

Como está o desporto motorizado em Angola?

Infelizmente, o desporto motorizado sofreu muito com a crise. Entre 2006 e 2010 o desporto teve uma boa evolução. Actualmente, está numa fase muito negativa, sobretudo devido à crise que se vive, em todos os sectores nacionais.

Sente o apoio dos angolanos?

Sim, sempre senti. Como disse anteriormente, em Angola estou em casa! Em Angola sempre senti o público a vibrar comigo. Fora de Angola sou apenas mais um piloto estrangeiro.

Qual foi a prova mais difícil? E a mais fácil? E a melhor corrida de sempre?

A melhor e mais difícil foi a prova dos 200 quilómetros da Huíla, em 2009. O público da Huíla torce muito pelos pilotos da casa, e eu sendo um benguelense estava a jogar fora. A prova começou de uma forma muito difícil para mim. Mas acabei por vencer, e terá sido uma das minhas maiores superações, em termos desportivos. Marcou-me tanto, que acabei por fazer uma tatuagem, relacionada com os acontecimentos dessa prova. Não tenho nenhuma prova em especial, que possa considerar como a mais fácil.

Em que categorias já subiu ao pódio e arrecadou a medalha de ouro?

Já subi ao pódio em provas de protótipos e fórmula-Ford. Não tive oportunidade de correr noutras categorias.

Que outras medalhas já ganhou, e a que pódio gostaria de subir, mas ainda não o fez?

Sou um felizardo e já venci várias provas. Devem ser à volta de 30 vitórias. O meu próximo objectivo é conseguir uma vitória nos GT's, carros como os Ferraris, Porsches, etc.

O seu irmão, Luís Sá Silva, é um piloto que também dispensa apresentações. Alguma vez entrou numa corrida contra o seu irmão?

Já fizemos muitas corridas... Na playstation! (risos) E nos karts de aluguer... Mas acho que nunca ninguém venceu de forma justa, porque um de nós acabava sempre fora da pista, empurrado pelo outro.

Quais são os planos para o futuro do piloto Paulo Sá Silva?

Por esta altura, estou envolvido num projecto sul-africano, de grande dimensão. Um grande investidor, e apaixonado pelo desporto automóvel, pretende criar o maior campeonato internações de África. Tive a sorte de ser convidado para este projecto, como piloto e não só. No mês passado, fiz uma primeira prova, na África do Sul, e recebi recentemente um pedido, para estar presente na qualidade de piloto, no próximo evento. Ainda não posso revelar muitos detalhes, mas se tudo correr bem, será um passo enorme para o desporto motorizado, em África. E sinto-me extremamente orgulhoso, por ter sido um dos convidados.

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