É a principal causa de cegueira em África, onde ocorrem 99 por cento de todos os casos registados mundialmente. O Programa Africano contra a Oncocercose (APOC) estima que só em Angola haja dois milhões e meio de angolanos em risco de contrair a doença, o que equivale a mais de 10 por cento da população.
Uma das características desta doença é o seu longo período de incubação. Nove meses até dois anos após a picada da mosca começam a surgir sintomas, que coincidem com o crescimento e maturação das larvas na forma adulta. As larvas alojam-se nos gânglios linfáticos, criando grandes adenopatias (oncocercomas), e migram nos tecidos subcutâneos, provocando prurido severo e alterações cutâneas, que na sua forma crónica incluem liquenização, pele em leopardo (despigmentação cutânea) e perda de elasticidade. Ao alcançar o olho, penetram-no, gerando inflamação intra-ocular e alterações na córnea; estas alterações evoluem para fibrose com opacificação (queratite esclerosante), que está na génese da cegueira.
O tratamento definitivo não é possível, uma vez que tem pouco efeito nos parasitas adultos, e actua apenas na microfilária. O antiparasitário de escolha é a ivermectina, que se administra em intervalos de três ou 12 meses durante 10 a 12 anos. A distribuição gratuita maciça deste fármaco é feita através do Programa Africano de Combate à Oncocercose (APOC), tendo-se conseguido uma notável redução de 73 por cento na prevalência da doença.
Actualmente estão em curso oito projectos, lançados pelo Governo angolano e apoiados pela Organização Mundial de Saúde e pela APOC, com o objectivo de erradicar a oncocercose de Angola. Apesar de todos os esforços que as autoridades estão a ter e que produziram efeitos preventivos muito positivos, há, infelizmente, a registar um recente surto no Município da Quiçama, na Província Luanda, e que provocou a cegueira a vinte pessoas.
Encontram-se em zonas de risco todos aqueles que vivem nas províncias onde ela é endémica e em zonas próximas de rios e com vegetação densa, onde a mosca se desenvolve. Se não vive em nenhuma destas zonas mas se viaja para alguma delas, há alguns cuidados a ter em conta: usar roupa que cubra a pele; usar repelente à base de DEET abundantemente nas zonas expostas; aplicar spray de permetrina na roupa e rede mosquiteira com a qual deve cobrir a cama durante o sono.
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A Opinião de Janísio Salomão Janísio Salomão