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Porto e Luanda apostam na Cultura para retomar geminação

Os presidentes da Câmara do Porto e da Comissão Administrativa da cidade de Luanda admitiram hoje que a geminação entre os dois municípios, estabelecida há duas décadas, ficou estagnada, sendo agora a vertente cultural como prioritária.

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Segundo o autarca Rui Moreira, que falava à Lusa no Luanda Investment Forum, que está a decorrer na capital angolana, "por razões da gestão de ambas as cidades" a geminação entre ambas "ficou perdida no tempo" e precisa agora de um "novo motor" de desenvolvimento, com a aposta cultural.

O intercâmbio de residências artísticas e exposições culturais, nas duas cidades, segundo explicou Rui Moreira, será um dos aspectos a ter em conta na revisão do protocolo de geminação em curso com Luanda, para impulsionar o relacionamento bilateral.

"Na parte empresarial [a relação] existe, mas muito por força das associações empresariais e das empresas. Aí, o papel de um presidente de Câmara é apenas de facilitador. É no aspeto das ligações culturais que devemos fazer mais", disse o autarca português.

Como exemplo do caminho que está a ser preconizado apontou a recente exposição da fundação Sindika Dokolo no Porto, colaboração que é para manter, assegurou.

"A área da Cultura é também ela fundamental do posto de vista económico, a nível das nossas indústrias criativas, dos jovens empreendedores, da identidade das nossas marcas. É absolutamente crucial", reconheceu Rui Moreira.

Com o fórum de hoje, que se prolonga por três dias, os empresários da capital pretendem tirar partido das geminações como ponto de partido para o reforço das relações económicas internacionais, apresentando ao exterior potencialidades de municípios da província de Luanda, com mais de 6,5 milhões de habitantes.

Contudo, para o presidente da Comissão Administrativa de Luanda, o general José Tavares, apesar das geminações assumidas pela capital angolana com outras cidades estrangeiras, como o Porto ou Lisboa - nenhuma assinada durante a sua gestão -, "até ao momento nada se fez".

"Este é que deve ser o ponto principal da nossa abordagem: O que fazer depois do abraço, do brinde de champanhe. O que fazemos depois disso? Não fazemos absolutamente nada, não tiramos partido nenhum dessas geminações", disse o responsável, admitindo que só com a autarquia de Maputo, em Moçambique, o entendimento tem funcionado regularmente, na troca de experiências e conhecimentos.

"O resultado praticamente é zero. Com as outras câmaras não se faz nada", reforçou o general José Tavares, acompanhado na posição pelo homólogo do Porto.

"Tem que haver aqui alguma coerência [ao estabelecer este tipo de acordo], sob pena de se vulgarizar a geminação e ao fim de algum tempo ela ficar esquecida no tempo, na história e só fica nos anais das nossas cidades", apontou Rui Moreira, reconhecendo que no caso do Porto e Luanda o relacionamento directo já vem do tempo da monarquia portuguesa.

Daí que defenda que as geminações devem apenas acontecer entre cidades que partilhem uma "dimensão estratégica", para "não desperdiçar recursos", dando como exemplo, no caso do Porto, a ligação instituída com cidades portuárias e actividade vinícola.

"Mas é preciso trabalhar as geminações. O Porto, nos últimos anos, trabalhou muito pouco as geminações. Fez geminações, mas depois esqueceu-se. Era quase como se no momento da celebração da geminação e do abraço, a partir daí já não fosse preciso fazer mais nada e as coisas evoluíssem naturalmente", rematou Rui Moreira.

Em Luanda, o autarca do Porto faz-se acompanhar por responsáveis por empresas municipais e públicas daquele município, para estudar a troca de experiências e apoio a Luanda.

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