Ver Angola

Cultura

Mastiksoul: “O talento em Angola transcende o Universo”

Em Luanda nasceu uma estrela: Fernando Figueira para alguns, Mastiksoul para o mundo. Nomes à parte, o DJ e produtor luso-angolano dá cartas na história da música de dança além-fronteiras há mais de duas décadas. Começou como dançarino, mas depressa percebeu que a música era a sua paixão. “Foi uma adaptação natural”, confessa. De DJ passou a produtor e o mundo rendeu-se ao seu talento. A viver em Portugal, o artista não esquece a sua ligação a Angola que, admite, marca a diferença no seu trabalho.

Cidade:

Os fãs reconhecem-lhe o estilo único, aquilo a que passaram a chamar de MastikBeats. O mais importante? Ser original! Porque, “ser original define quem és como artista”, garante. Desde Portugal, Bélgica até ao Chile, o mundo é o seu palco. E Angola? “Tenho saudades das festas de quintal e do Kacusso na barra do Dande com feijão de óleo de palma”.

Quem é o Mastiksoul? Conte-me um bocadinho da sua história, onde nasceu, como foi a sua infância…

Começo por dizer que nunca fiz uma entrevista com perguntas tão directas e objectivas a nível pessoal, mas vou tentar ser o mais transparente possível.

Eu nasci em Luanda, sou filho de Carlos Júlio Figueira, mais conhecido como Manecas (Comandante do quartel das comunicações em Luanda). Cresci num ambiente pós revolução onde os valores familiares eram mais importantes que qualquer fortuna.

Teve um início de carreira peculiar, começou como dançarino. Lembra-se quando é que esta paixão pela música lhe bateu à porta?

Em 1984 o Break-Dance era o fenómeno global, eu era criança e os meus irmãos já faziam parte de um grupo importante em Portugal, e de alguma forma eu era a mascote por ser o mais pequeno. E a paixão da música nasceu daí, foi uma adaptação natural.

O que despertou em si a vontade de produzir o seu próprio som?

Ouvia muita coisa e não ouvia nada que me agradava, e vindo do mundo da dança senti a necessidade de fazer música que pudesse realmente dançar.

As suas raízes africanas são uma inspiração que se traduz na sua música? É esta ligação a Angola que marca a diferença no seu trabalho?

Sem dúvida alguma, eu cresci a ouvir Bonga e Kassav, tudo o resto é história.

Como define o seu estilo musical?

Esse, graças a Deus, foi definido pelas massas. Criei um estilo tão próprio que hoje chamam de MastikBeats a nível global.

Que tipo de ambiente prefere para tocar?

Na realidade é igual, não sou tendencioso, adoro tocar para quem gosta e percebe o que estou a fazer no momento, seja esse ambiente 50 pessoas ou 40 mil pessoas.

O Mastiksoul tem um percurso profissional de fazer inveja. É um dos produtores musicais mais galardoados no estrangeiro. Qual é a fórmula do sucesso?

Não tenho dúvidas que seja originalidade, copiar o que foi feito é fácil, ser original define quem és como artista e uma geração.
Mesmo que sejas muito criticado quando ninguém percebe essa originalidade, esse é o verdadeiro dilema do sucesso intemporal.

Já actuou um pouco por todo o mundo e colaborou com grandes artistas internacionais. Que locais e pessoas mais o marcaram?

Eu tive grandes festas sem dúvida pelo mundo fora, eu diria: Mysteryland (Chile), Tomorrowland (Bélgica) e tocar no estádio do Sporting (nr: clube de futebol português) para a taça de Portugal 2015.

Apesar de ter uma lista extensa de colaborações com grandes nomes, há algum que faça ainda parte dos seus sonhos?

Tenho muitos artistas que gostaria de trabalhar, Eminem, Rihanna, Beyoncé e Jacob (cantor da banda Kassav).

Qual foi o hit mais marcante da sua carreira?

Grande pergunta, é como perguntar a um pai qual dos filhos gosta mais (risos). Eu diria “Jacobino” a nível profissional, abriu mesmo muitas portas.

Está atento ao panorama musical angolano? O que acha que falta ao djing e à produção nacional?

Eu adoro a música angolana, o talento em Angola transcende o Universo, o problema está no ego das pessoas. Não vejo humildade entre a comunidade angolana para superar os desafios, com muita pena minha.

O Mastiksoul não pára. Como está a agenda para os próximos meses?

Tenho a agenda muito cheia, o que me causa transtorno porque me limita as horas de estúdio.

O regresso a Angola está nos seus planos?

Sempre, amo Angola e tenho saudades de Angola, da porta do vizinho aberta para entrar e comer um funge como família. Tenho saudades das festas de quintal e do Kacusso na barra do Dande com feijão de óleo de palma. A Kizaka ao domingo com os tios a beber uma birra, o funge ao sábado, etc, etc.

Continuou ou paro aqui? (risos)

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.