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Presidência da República de Angola anuncia liberação de soldados ruandeses e de cidadão congolês

A República Democrática do Congo libertou esta Quarta-feira os dois soldados ruandeses capturados por Kinshasa e o Ruanda libertou um cidadão congolês detido, anunciou a Presidência de Angola, atribuindo as libertações à mediação do Presidente João Lourenço.

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"Na sequência das diligências diplomáticas encetadas pelo Presidente da República, João Lourenço, com vista à redução da tensão entre a República Democrática do Congo [RDCongo] e a República do Ruanda, foram hoje libertados os dois soldados ruandeses recentemente capturados e que se encontravam em posse das autoridades congolesas", pode ler-se num comunicado da Presidência angolana.

O chefe de Estado recebeu no dia 31 de Maio em Luanda o seu homólogo da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, com quem debateu a "crescente tensão" entre este país e o vizinho Ruanda.

No encontro, organizado no âmbito "do mandato recebido na recente Cimeira de Malabo", Tshisekedi, a pedido do seu homólogo angolano, aceitou libertar dois soldados ruandeses capturados recentemente, disse então a presidência angolana.
O gabinete de João Lourenço esclarece agora que os dois elementos do exército ruandês "escalaram hoje Luanda, chegados de Kinshasa, e seguiram pouco tempo depois para o seu país, em liberdade".

A nota acrescenta ainda que João Lourenço obteve do Presidente ruandês, Paul Kagame, a libertação do cidadão congolês democrático Patrick Bala, que se encontrava detido pelas autoridades ruandesas e por quem intercedeu o Presidente Tchisekedi.

Na reunião de 31 de Maio, Lourenço e Tshisekedi chegaram a entendimento sobre a realização em Luanda, em data a anunciar, de uma cimeira em que participarão, a convite do chefe de Estado angolano, os chefes de Estado da República Democrática do Congo e da República do Ruanda para promover "um desanuviamento da tensão actualmente reinante na fronteira entre os dois países", anunciou então Luanda.

A tensão entre o Ruanda e a RDCongo cresceu exponencialmente nos últimos meses, após o reinício em Março último dos combates entre o exército e o movimento rebelde de 23 de Março (M23), que, segundo Kinshasa, é apoiado pelo país vizinho, uma acusação negada por Kigali.

Ambos os países solicitaram a intervenção do Mecanismo Reforçado de Verificação Conjunta (EJVM, na sigla em inglês), estabelecido pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) para investigar incidentes de segurança nos seus 12 Estados-membros.

O Ruanda exigiu no final de Maio que a RDCongo libertasse dois soldados do seu exército raptados enquanto patrulhavam a fronteira com aquele país, no mesmo dia em que o Governo da RDCongo suspendeu os voos da Rwandair para o seu território, em protesto contra o alegado apoio de Kigali aos rebeldes.

O M23 foi criado a 4 de Abril de 2012, quando soldados da RDCongo se revoltaram com a perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes de guerra por alegadas violações do acordo de paz de 23 de Março de 2009, data que deu o nome ao movimento.

Em 2012, o M23 ocupou Goma, capital da província do nordeste congolês do Kivu do Norte, durante duas semanas, mas a pressão internacional obrigou o movimento rebelde a retirar-se e a iniciar negociações de paz com o Governo da RDCongo em Kinshasa.

Durante mais de duas décadas, o leste da RDCongo tem registado conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques do exército congolês, apesar da presença da missão de manutenção de paz da ONU (Monusco), que conta com mais de 14.000 soldados no país.

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