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Mercado da bolsa de acções estreia-se a negociar acções do BAI

O mercado da bolsa angolana registou esta Sexta-feira o início de negociações para a venda de 10 por cento do capital social do Banco Angolano de Investimentos (BAI), no âmbito do lançamento de uma oferta pública de venda de acções.

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O ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, disse que com esta operação ficou concretizada a privatização das acções do BAI, detidas indirectamente pelo Estado, por via da petrolífera Sonangol e da diamantífera Endiama, através da oferta pública em bolsa de valores, representativas de 10 por cento do capital social do banco.

"Os resultados desta operação são positivos e encorajadores. Permitiu a arrecadação de mais de 40 mil milhões de kwanzas, num ambiente de grande concorrência. Houve mais de 2800 ordens de subscrição, que permitiram abarcar 842 investidores, correspondendo a uma procura acima de 150 por cento do montante total da oferta", referiu Manuel Nunes Júnior, no discurso de encerramento da cerimónia.

Em declarações à imprensa, o presidente da comissão executiva (PCE) do BAI, Luís Lélis, considerou que este é "um momento grande não só para o BAI, mas também para o país".

Segundo Luís Lélis, esta operação da abertura de capital em bolsa, com o nível de procura que teve demonstra sobretudo "uma grande confiança dos investidores" em Angola.

O responsável destacou que o processo foi realizado em menos de 24 meses, quando se previa a sua conclusão em 36 meses.

"O banco era de capitais privados fechados. Hoje, com esta abertura do capital, temos registados pouco mais de 840 accionistas, adicionados aos 54 que foram os accionistas fundadores do banco. Hoje temos 1000 acionistas no banco, acreditamos que nos próximos meses deveremos ter mais, estamos confiantes que sim, assim que as pessoas tiverem a possibilidade de ler e estudar o prospeto, que isto é um investimento", frisou.

O PCE do BAI admitiu que "investir em bolsa é complexo", pedindo aos possíveis investidores "que tenham a capacidade de consultar os seus analistas financeiros para perceber o que é que é investir em acções".

"Nós queremos que as pessoas ao fazerem o seu investimento, na análise do seu investimento, da sua carteira de investimento - uns investem em terrenos, outros em imóveis, em obrigações -, que também olhem para um novo instrumento de investimento, que são as acções", sublinhou.

O responsável referiu que chegaram a ser consultadas outras bolsas internacionais, mas a escolha recaiu para a bolsa angolana, "por respeito e consideração àqueles que fundaram o banco".

"Quando fomos consultar outras bolsas percebemos das exigências, que não são diferentes daquela que é a Bodiva [Bolsa da Dívida e Valores de Angola], mas entendemos que, sendo o primeiro banco de capitais privados angolano, sendo a primeira operação de emissão de ações de uma instituição angolana, que mercado melhor para fazer senão o de Angola", salientou.

Por sua vez, o presidente da comissão executiva da Bodiva, Walter Pacheco, disse à imprensa que o próximo desafio consiste em garantir que outras empresas, que já demonstraram interesse, entrem no mercado da bolsa, realçando o caso do Banco Caixa Angola, que se encontra numa "fase muito avançada" do processo, o Banco Millenium Atlântico e algumas empresas fora do sector financeiro, entre as quais a Somoil, ainda em fase embrionária do processo.

"O longo prazo, acho que já demonstrámos que temos um sistema que funciona, se calhar pensar noutros segmentos, uma bolsa de mercadorias, por exemplo, este é um desafio que nós temos e um objetivo que temos para nós", realçou.

Segundo Walter Pacheco, Angola tem um número de 300 grandes contribuintes, que são obrigados a ter as contas auditadas, não sendo obrigatória a sua publicação, sendo satisfatório se 10 por cento delas entrarem para a bolsa.

"Nós começamos com uma, se daqui a dois ou cinco anos tivermos 30 é um crescimento significativo. Essa não é a parte que nos preocupa, porque sentimos que hoje existe claramente um incentivo para as empresas terem as contas auditadas e existe também uma necessidade de as nossas empresas começarem a publicar essas contas, porque já existe mercado, antigamente não existia", disse.

Walter Pacheco manifestou-se seguro que este ano a Bodiva terá pelo menos mais do que uma empresa cotada em bolsa.

Já o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), Patrício Vilar, considerou o momento "histórico", por ser a primeira privatização em bolsa.

"O que nos dá outro conforto para atacar o segmento das empresas de referência nacional. Faltava-nos de facto esse início, o fim de um processo de preparação desta oferta pública, que já começou há dois anos", referiu.

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