De acordo com a imprensa chinesa, citada pela Angop, Valdemar Tchipenhe licenciou-se, em 2018, em Biotecnologia na Universidade Normal de Zhejiang, na China - onde reside actualmente.
Quando terminou o curso, o jovem foi contratado pela empresa chinesa BGI Genomics. Em Janeiro, a empresa acabaria por convidar o angolano para fazer parte da equipa de especialistas que iriam tentar combater o novo coronavírus.
Numa primeira fase, a BGI Genomics conseguiu desenvolver kits de teste que detectam o vírus em tempo real, sendo que criaram também um sistema de preparação de amostras de alta precisão e kits para extrair amostras de RNA que complementam as análises dos testes à covid-19.
Agora, a empresa vai focar-se no continente africano. De acordo com a Angop, Valdemar Tchipenhe foi contratado, há cerca de um mês, para integrar uma equipa chinesa que está a tentar implementar laboratórios em alguns países da África. "O facto de ter saído de África, aprender biotecnologia na China e agora estar aqui a ajudar outros povos africanos diante da pandemia do covid-19, com o conhecimento que adquiri durante os meus seis anos de estudo e trabalho na China, faz-me sentir como se tivesse responsabilidades acrescidas sobre meus ombros", disse o angolano em entrevista ao canal chinês China Vision.
O jovem também falou, via telefónica, com o embaixador de Angola na China. Durante a conversa, Valdemar Tchipenhe disse querer levar esta tecnologia para o seu país natal.
Contudo, para já, afirmou que não prevê regressar tão cedo a Angola porque quer continuar na China a "elevar" os seus conhecimentos. "A melhor maneira de ampliar o meu horizonte é estar no exterior, aprendendo o máximo possível, expandir as minhas conexões e quando estiver melhor preparado, regressarei para dar a minha contribuição", afirmou.
"Honestamente, eu não sabia muito sobre o mundo fora de Angola até ir para a China aos 17 anos. A China foi o primeiro país para o qual viajei. Foi também a primeira vez que saí da minha área de conforto", completou o jovem.
Até ao momento, a equipa – composta por nove especialistas – já instalou dois laboratórios em Livreville, no Gabão, e um em Lomé, no Togo. Estes laboratórios conseguem realizar até cinco mil testes por dia e obter os resultados em 24 horas.